Não é uma medida muito democrática o governante desacreditar o próprio Poder Público, visando a tirar a credibilidade e a solidez de algo que nunca demonstrou corrupção, como é o caso das urnas eletrônicas.
Nos Estados Unidos, o ex-presidente, Donald Trump, já prevendo a própria derrota, fez ataques e acusações de fraude no sistema eleitoral norte-americano, que tem todo o seu processo manual para voto e apuração, dizendo-se vítima do próprio mecanismo que o elegeu, sem apresentar uma mera prova.
Assemelha-se ao que acontece atualmente no Brasil, pois o presidente Jair Bolsonaro, quando percebeu que poderia “correr o risco” de não conseguir sua reeleição tão facilmente, em razão da “cassação da cassação” dos direitos políticos do ex-presidente Lula, intensificou os ataques ao sistema eleitoral. O objetico é desacreditar um mecanismo que perdura há mais de 25 anos, sem qualquer indício de fraude, a fim de confundir a população, pois “não admite” a sua própria derrota.
Mas, em meio a notícias falsas e desvirtuamentos de fatos, foi propagado que o atual presidente foi eleito pela maioria da população brasileira. O que não procede, haja vista que a abstenção eleitoral foi alta e que ele foi eleito pela maioria dos votantes, não dos eleitores.
Incitar a própria população a acreditar que as urnas estarão fraudadas, em caso de resultado diverso da reeleição, é uma postura que não condiz com os preceitos da democracia. É uma prática um tanto quanto autoritária, como de países em que os governantes prolongam seu poder por meio de “canetada”, como se percebe na China e na Rússia.
É claro e notório que o voto impresso é um retrocesso e uma forma de “cobrar” do eleitor uma “prestação de contas” ou “cobrança de uma dívida”, pois muitas vezes poderá estar sob “ordem” para votar em determinados candidatos ligados a grupos distintos, sendo que ele, o eleitor, só dispõe de um único voto por cargo político-eletivo.
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A legislação eleitoral garante aos representantes partidários toda a possibilidade de fiscalização e conferência necessária do quantitativo de votos e para quem foram destinados, não se fazendo necessário que o eleitor “porte” o comprovante de sua votação, a fim de “prestar contas”. A única conta que devemos prestar é para com nossas consciências, se estamos lutando por um país mais justo e igualitário e se estamos votando em quem pode contribuir para com o Brasil, e não comprovando nada a quem nos exigiu que votássemos em dado candidato a cargo político.
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