O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, repercutiu nesta quarta-feira (8) os impactos dos atos antidemocráticos, mobilizados pelo presidente Jair Bolsonaro, na última terça, no 7 de Setembro. Sem citar o aumento da pressão pelo impeachment, Lira escalou o tom de crítica ao governo de Jair Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, enviou sinais de tentativa de apaziguamento.
No pronunciamento, Lira defendeu a pacificação entre os poderes e disse que o país tem um compromisso inadiável com as urnas eletrônicas em 3 de outubro de 2022, ao se referir às eleições do ano que vem.
"O único compromisso inadiável e inquestionável está marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. São as cabines eleitorais, com sigilo e segurança, em que o povo expressa sua soberania. Que até lá tenhamos todos serenidade e respeito às leis."
"Conversarei com todos, e com todos os poderes. É hora de um basta a essa escalada em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade."
Apesar das críticas, Lira, eleito com o apoio de Bolsonaro, criticou decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) contra políticos aliados do presidente e elogiou "todos os brasileiros que foram às ruas de modo pacífico" no 7 de Setembro.
Falou ainda que a Câmara está aberta a conversas e negociações para "serenarmos" e disse que a "nossa Constituição jamais será rasgada".
Lira afirmou que o Congresso não pode admitir a volta de um discurso que já foi derrotado, em referência à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso, rejeitada pelos deputados.
Foi a primeira manifestação de Lira após os atos com ameaças golpistas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro. Pela manhã, antes dos protestos bolsonaristas, ele usou uma rede social para falar sobre a celebração da Independência.
"O Brasil sempre rejeitou e sempre rejeitará a luta entre irmãos. Nenhuma manifestação, por mais enfática e calorosa, deve descambar para a violência e a desordem."
Depois, silenciou. Diferentemente do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que cancelou as sessões da Casa, Lira manteve a sessão do plenário marcada para esta tarde. A expectativa é que seja votado o Código Eleitoral.
As ameaças golpistas do presidente devem aumentar a reação ao governo no Congresso. O pós-movimento golpista teve como efeito colateral um aquecimento das discussões de impeachment nos partidos de centro.
Em falas diante de milhares de apoiadores na terça-feira (7) em Brasília e São Paulo, Bolsonaro fez ameaças golpistas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairá morto da Presidência da República.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi um dos alvos dos ataques. O motivo é dele ter sido o responsável por decisões recentes contra bolsonaristas que ameaçam as instituições. O ministro tem agido a partir de pedidos da PGR (Procuradoria-Geral da República), sob o comando de Augusto Aras, indicado por Bolsonaro, e da Polícia Federal, órgão subordinado ao presidente.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta