Com a derrota do governo federal na disputa pelo início da vacinação, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda (18) que a coragem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se mostra tão grande "na hora da verdade".
Em entrevista, o deputado federal lembrou que, no passado, Bolsonaro dizia que o Ministério da Saúde não iria adquirir doses da Coronavac, vacina produzida pelo laboratório Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
No final de semana, porém, após o fracasso da negociação com a Índia para o transporte de doses da vacina AstraZeneca, produzida pela Fiocruz com a universidade de Oxford, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, requereu doses da vacina chinesa.
"O presidente disse várias vezes que não compraria vacina chinesa, porque quem mandava era ele. Mas na hora da verdade, a coragem não é tão grande. É corajoso até uma parte da história", criticou Maia.
O presidente da Câmara também parabenizou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que saiu ã frente de Bolsonaro na vacinação da população e disse que Pazuello fez um "papelão", querendo, segundo ele, se beneficiar da conquista do tucano.
"Apesar do papelão do ministro Pazuello, agora querendo capturar também o tema das vacinas, pelo menos eles compraram as vacinas e, para a nossa felicidade, pelo menos 6 milhões de brasileiros estarão imunizados nas próximas semanas", disse.
Maia afirmou que o Ministério da Saúde não tem planejamento para a vacinação da população e que Pazuello se mostrou um "fracasso" no que era considerado o seu ponto forte ao assumir a pasta: experiência na área de logística.
"O que me estranha é que, quando o ministro Pazuello foi escolhido, e acho que ele é um bom militar, o que o levou ao ministério era ser um homem bom de logística. Mas ele provou um fracasso, pelo menos até o momento", ressaltou.
O deputado federal também observou que Bolsonaro tem afirmado de maneira equivocada que foi impedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de atuar no combate ao coronavírus. A decisão do Supremo, que garante autonomia nas decisões de estados e municípios, também inclui a atuação da União.
"Não tem planejamento no governo federal. O presidente, inclusive, coloca dessa forma. Ele coloca uma narrativa de que o Supremo tirou o poder do governo federal. E não foi nada disso. O Supremo deixou claro que a coordenação do SUS (Sistema Único de Saúde) é do governo federal", disse.
Maia também afirmou que é inevitável que, na próxima legislatura, seja aberta uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a atuação do Ministério da Saúde nas políticas de combate ao coronavírus.
"Se ele [Pazuello] fosse bom de logística, ele teria organizado o planejamento, acompanhando os indicadores de crescimento do problema em Manaus, de forma a não faltar insumos para o trabalho dos profissionais de saúde. Mas isso tudo vai acabar virando uma grande investigação", afirmou.
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