A pacificação de um país dividido e o comando que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende colocar na Economia em seu futuro governo são os principais temas avaliados por grandes empresários na noite deste domingo (30) de eleição. Nas horas finais de apuração das urnas, o empresariado também destacou a importância de o país superar eventuais questionamentos ao sistema eleitoral, uma pauta alimentada pelo candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL) na corrida pela reeleição, evitando turbulências.
"Foram as eleições mais disputadas da história do Brasil e, a despeito da enorme polarização, transcorreram sem maiores incidentes. Foram eleições exemplares, e goste-se ou não do resultado, só nos cabe acatá-lo", disse Ricardo Lacerda, do BR Partners, que declarou voto em Bolsonaro no 2º turno.
Ele ainda vê incertezas na economia. "O presidente eleito foi apoiado por uma ampla gama de economistas de renome. O mercado agora vai querer saber se eles terão alguma influência no novo governo ou se Lula se guiará pelo programa do PT", diz Lacerda.
O empresário e ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do estado de São Paulo) Horácio Lafer Piva afirma que o desafio agora é ajudar Lula a "reposicionar seu projeto ainda tão vago" para um crescimento sustentável, sem voos de galinha. "Temos um país rachado. Desafios na economia, mas enormes na pacificação, em um novo país que jogue junto para ganhar e não dividir para perder", diz.
Ele classifica Lula como "um pragmático" e diz acreditar que o petista tem condições de criar uma conversa afirmativa e construtiva com a indústria. "Lembro que o interior de São Paulo se mostrou mais conservador e vai demandar atenção em vez de enfrentamento", afirma Piva.
Para Luiz Fernando Figueiredo, presidente da gestora Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central, Lula falou muito pouco, e a prioridade agora é observar seus anúncios envolvendo nomes de ministros e plano de governo.
"Há uma incerteza no ar. Vamos ver se, nos próximos dias, essa incerteza diminui. O grande problema é que nós temos uma vulnerabilidade, porque temos uma dívida muito grande. Não dá para brincar com isso. Essa é a grande preocupação. Foram feitas muitas promessas dos dois lados. Até se imagina algum gasto adicional no ano que vem, mas o importante é entender qual arcabouço virá daqui para a frente", diz Figueiredo.
Ainda antes da apuração das urnas, Laercio Cosentino, presidente do conselho de administração da Totvs, disse que nem Lula nem Bolsonaro representam o Brasil que ele gostaria de ter, mas é preciso relaxar e aceitar.
"Como vivemos numa democracia, amanhã vamos continuar a trabalhar para o Brasil que queremos. O importante é a equipe e os princípios que norteiam cada candidatura. Vamos trabalhar para 2026. O Brasil unido é mais forte e soberano", diz Cosentino, que apoiava a terceira via antes do primeiro turno.
Outro entusiasta da terceira via, Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho da Raia Drogasil, diz que venceu a democracia. "Lula precisará usar sua capacidade de liderança para pacificar o país. Algumas escolhas serão muito importantes para que isso aconteça, especialmente na economia, na agricultura e no ambiente", afirma o empresário.
Para Eduardo Mufarej, da RenovaBR, as transformações profundas que o país exige só serão conquistadas de forma coletiva, com a pacificação nacional e novas práticas políticas.
"A política no Brasil merece o diálogo e a tolerância como pilares. O caminho que eu sonho está representado nas vitórias de Eduardo Leite, (PSDB, eleito governador do Rio Grande do Sul), e Raquel Lyra (PSDB, eleita governadora de Pernambuco). Os dois governadores éticos e responsáveis são o pavimento do futuro que eu desejo", afirma.
Com informações de Joana Cunha
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