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Supremo forma maioria a favor do prosseguimento do inquérito das fake news

Supremo forma maioria a favor do prosseguimento do inquérito das fake news

Apuração é sobre a difusão de informações falsas e ameaças a ministros. O plenário do STF também decidiu manter o ministro da Educação, Abraham Weintraub na investigação

Publicado em 17 de junho de 2020 às 17:37

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O ministro Dias Toffoli é o presidente do STF
Apuração foi instaurada pelo presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli, de ofício, ou seja, sem provocação da Procuradoria-Geral da República. (Nelson Jr/STF)

Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira (17) maioria de votos favoráveis ao prosseguimento do chamado "inquérito das fake news", aberto no ano passado por iniciativa do próprio tribunal, a fim de apurar a disseminação de informações falsas e ameaças a ministros.

Oito dos 11 ministros já votaram a favor da validade do inquérito. Faltam os votos de Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Dias Toffoli. O julgamento será retomado na sessão desta quinta (17).

O julgamento, que tem como origem uma ação da Rede Sustentabilidade, teve início na semana passada, quando Fachin proferiu seu voto. São suspeitos de integrar o esquema de fakenews deputados, empresários e blogueiros ligados ao presidente Jair Bolsonaro, que foram alvo de operação policial.

O inquérito foi aberto em março de 2019 como uma resposta do Supremo às crescentes críticas e ataques sofridos nas redes sociais.

MOTIVAÇÃO

Desde o início, porém, a apuração foi contestada por juristas e políticos por ter sido instaurada pelo presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli, de ofício, ou seja, sem provocação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A ação do partido Rede Sustentabilidade, protocolada nove dias depois da abertura, pedia a extinção do inquérito.

Após a operação contra bolsonaristas, porém, a sigla recuou e disse que, embora tenha apresentado "inquietantes indícios antidemocráticos" no começo, a investigação "se converteu em um dos principais instrumentos de defesa da democracia".??

A análise da ação foi retomada nesta quarta.

ABRAHAM WEINTRAUB

O plenário do STF TAMBÉM decidiu manter o ministro da Educação, Abraham Weintraub, no inquérito das fake news. Por meio de votação virtual, os ministros rejeitaram o pedido de habeas corpus ajuizado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, em favor de Weintraub. Desde segunda (15), a corte havia chegado à maioria - de seis votos - pela rejeição do HC.

Votaram pela manutenção de Weintraub no inquérito os ministros Edson Fachin (relator), Luis Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Luiz Fux, Celso de Mello e Ricardo Lewandoski. Apenas o ministro Marco Aurélio Mello votou de forma contrária.

Já Alexandre de Moraes não votou por ter se declarado impedido, já que é o relator do inquérito das fake news.

Mendonça apresentou o HC no dia 28 de maio. Ele pediu que Weintraub fosse excluído do inquérito das fake news e não tivesse de depor à Polícia Federal.

A formação da maioria, cujo julgamento virtual se encerra na sexta-feira (19), é mais um capítulo da briga entre Weintraub e o STF. Moraes cobrou explicações, no âmbito do inquérito das fake news, sobre a declaração de Weintraub em reunião ministerial do dia 22 de abril.

Nela, o ministro da Educação disse que, por ele, "colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF""colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF". Nessa reunião, o ex-ministro Sergio Moro (Justiça) acusa o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF.

No domingo (14), Weintraub se encontrou com manifestantes que no sábado (13) fizeram um ato contra o STF. Na ocasião, o grupo lançou fogos de artifícios, simulando um bombardeio, em direção à Corte.

Após a ação do governo do Distrito Federal para desmobilizar acampamentos de grupos bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios, Weintraub esteve no local para prestar solidariedade àqueles que ainda permaneciam em protesto.

Na conversa divulgada nas redes sociais, Weintraub abordou diversos temas. "Já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos", afirmou ao comentar o inconformismo de um dos interlocutores ao dizer que paga impostos para os "corruptos" roubarem.

No HC, Mendonça pediu ao STF para tirar o colega do inquérito e evitar depoimento à PF. A oitiva já foi realizada, mas Weintraub permaneceu em silêncio. No pedido, visto com um ato político do governo por ter sido assinado pelo ministro da Justiça, Mendonça escreve que o HC "é resultado de uma sequência de fatos que, do ponto de vista constitucional, representam a quebra da independência, harmonia e respeito entre os Poderes desejada por todos".

Entre os exemplos ele cita a convocação de Weintraub para depor e a operação do dia 27 de maio envolvendo, segundo ele, "cidadãos que não representam riscos à sociedade, cujos direitos à liberdade de expressão estão sendo objeto de flagrante intimidação ou tentativa de cerceamento".

Naquele dia, Moraes havia autorizado a PF a cumprir mandados de busca e apreensão no inquérito das fake news. Os alvos eram aliados bolsonaristas.

"Qualquer confusão que se trace entre a disseminação de notícias falsas, ou 'fake news', com o pleno exercício do direito de opinião e liberdade de expressão pode resvalar em censura inconstitucional, aliás, como alguns sugerem já ter ocorrido nestes autos relativamente a uma muito conhecida revista semanal eletrônica", escreveu.

Foi no âmbito deste inquérito que Moraes mandou tirar do ar reportagem dos sites da revista Crusoé e O Antagonista que ligavam Toffoli à empreiteira Odebrecht.

Dias depois, o ministro voltou atrás e derrubou a censura. O inquérito das fake news apura a disseminação de notícias falsas, ofensas, ataques e ameaças contra integrantes do STF.

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