O ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que a gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril confirma ações de interferência na Polícia Federal por parte do presidente Jair Bolsonaro e que as declarações ditas no vídeo vão ao encontro com fatos que ocorreram dias antes e após a sua demissão.
O acesso ao vídeo da reunião ministerial do dia 22/4 confirma o conteúdo do meu depoimento em relação à interferência na Polícia Federal, motivo pelo qual deixei o governo. Defendo, respeitosamente, a divulgação do vídeo, preferencialmente na íntegra, para que os fatos sejam brevemente confirmados, afirmou Moro. As declarações feitas na reunião foram evidenciadas, também, pelos fatos posteriores: demissão, sem motivo, do Diretor-Geral da PF, troca do Superintendente da PF no RJ, além da minha própria exoneração por não concordar com as mudanças.
Moro acompanhou a sessão com seus advogados na manhã desta terça (12) em Brasília. Fontes informaram ao Estadão que durante o encontro, Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da PF no Rio à defesa de seus próprios filhos, alegando que sua família estaria sendo perseguida. O vídeo foi dito como devastador para a defesa do presidente.
Em outro momento, o presidente afirmou que não iria divulgar a "porcaria" de um exame para o novo coronavírus sob o argumento de que isso poderia, eventualmente, levar até mesmo a um processo de impeachment.
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-superintendente da corporação no Rio de Janeiro, delegado Ricardo Saadi, afirmou que sua exoneração foi antecipada e sem justificativa clara. Ele disse que havia combinado com o então diretor-geral Maurício Valeixo em permanecer no cargo até o fim do ano passado, mas que deixou o comando em agosto de 2019.
Saadi negou ter recebido solicitações do Planalto por informações de investigações, mas até hoje não foi informado sobre as razões para sua exoneração. Segundo o que Valeixo lhe informou, no dia 15 de agosto, teria havido um pedido de troca de superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, mas que não ficou esclarecido a origem nem outros detalhes envolvendo tal pedido de substituição no comando da superintendência fluminense.
Questionado especificamente se credita sua dispensa a alguma interferência política, afirma que os motivos não lhe foram apresentados para antecipar sua saída em agosto de 2019, apontou o depoimento.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta