O Morro do Penedo, em Vila Velha, é um dos mais belos cartões-postais do Espírito Santo, mas a rocha situada na Baía de Vitória vai muito além da beleza que salta aos olhos de quem o contempla. Chumbados na rocha, dois argolões quase imperceptíveis, guardam a história de um passado muito diferente do atual na área entre as duas cidades.
Por volta de 1500, a Ilha de Vitória era alvo de investidas de piratas que tentavam saquear a província. Com o intuito de se protegerem das investidas dos corsários, os nativos fixaram correntes nestes argolões até o outro lado da Baía, na altura do Forte São João. A intenção era criar uma barreira física submersa para evitar que embarcações entrassem pelo canal marítimo.
Uma das mais icônicas investidas já datadas nos registros históricos do Estado ocorreu há quase meio milênio. Em 1590, o corsário inglês Thomas Cavendish tentou invadir a região com dois navios. O que ele e os tripulantes não contavam era com a emboscada armada à espera deles. Em um fortim construído aos pés do Penedo, os nativos, indígenas e os portugueses aguardavam pela chegada das embarcações estrangeiras munidos com pedras, flechas e outros elementos de combates.
Além disso, a corrente passada no canal até o lado o oposto segurou os comandados pelo navegante inglês, que se viu em apuros. Surpreendido, o corsário perdeu tripulantes mortos no combate, afogados e também rendidos.
Sem alternativas, coube a ele se render e reconhecer a derrota naquela que ficou marcada como a "Batalha de Cavendish". A tentativa de tomar os engenhos de açúcar e a farta quantidade de provisão de gado terminou com um saldo desastroso ao ambicioso navegador inglês.
Resistente ao tempo
Atualmente, o canal da Baía de Vitória é acessado diariamente por navios, não piratas, mas os que fazem dos terminais portuários um importante modal de comércio exterior capixaba.
Ainda assim, quase 500 anos depois, o símbolo desse passado histórico permanece fixado na pedra já com os sinais do tempo bem evidentes.
Do lado da capital do ES, os argolões são quase impossíveis de serem notados na marca branca que se estende por toda a extensão do Penedo. É preciso muito esforço para encontrá-lo em meio à imensidão da rocha granítica.
Mas, há "solução". Com uma simples volta de barco - sim, é possível fazer isso, chega-se perto do local onde os mesmos estão, e logo se percebe o tamanho das argolas.
Já bastantes corroídas e enferrujadas pela ação da maresia, os argolões não mais possuem as correntes atadas a eles, porém são na atualidade o que ainda se mantém vivo de uma importante passagem na formação do Espírito Santo.
Logo abaixo do ponto onde estão chumbados existe uma plataforma utilizada por praticantes de rapel. É possível ainda subir nela e apreciar, ao mesmo tempo, uma vista única da região e aprender mais sobre a história que por ali se passou.
Vale ressaltar que as peças e tudo que formam a área estão inseridos no Monumento Natural Morro do Penedo, uma unidade de conservação de Vila Velha. Desta forma, pode-se explorar o potencial turístico e esportivo que o local oferece, desde que com cuidado e respeitando a biodiversidade existente.
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