Há quase 30 anos, guardas ambientais e até caçadores de outros Estados estiveram empenhados em Castelo, no Sul do Espírito Santo, para encontrar o maior felino das Américas: uma onça-pintada. O jovem macho rondava a região de Forno Grande e estava matando animais. Antes que fosse abatido por um agricultor lesado, uma força tarefa foi montada e o animal acabou capturado numa jaula de ferro. Mas, o felino forçou as grades e conseguiu fugir, sem nunca mais ser visto novamente.
Quem relembra os episódios dessa história é o guarda-florestal José Bellon. “Esse felino na época chegou a matar nove cabras de uma única propriedade, numa noite. Na época um especialista em onças, um biólogo de São Paulo, falou que esse hábito era estranho e isso poderia se tornar perigoso para humanos”, relembra o profissional em entrevista ao repórter Gustavo Ribeiro, da TV Gazeta Sul.
Proprietários que estavam na época perdendo seus rebanhos por conta dos ataques do felino queriam ver o bicho abatido.
José Bellon
Guarda-florestal
"Para evitar que a onça-pintada fosse sacrificada, decidiram capturar o animal. Cerca de um ano depois, em 1996, conseguimos que ela entrasse numa das armadilhas, mas isso durou somente três dias. Ela conseguiu escapar da jaula"
O guarda-florestal recorda que a força do animal para sair da jaula foi tão grande que ela entortou as grades com os dentes. Com isso, a armadilha (uma espécie de alçapão) se abriu e durante a noite, e ela foi embora. A intenção da época era levar o animal resgatado para São Paulo.
Partes dos dentes do animal se quebraram na fuga forçada e ficaram na porta da jaula. As presas estão expostas no Parque Estadual do Forno Grande, assim como a armadilha onde o felino foi pego.
Em 2023, outro caso envolvendo onça ganhou repercussão na Região Sul do Espírito Santo. Desta vez em Mimoso do Sul, e o registro dela foi feito por acaso, por um empresário que esperava flagrar em uma câmera uma onça-parda que rondava a região.
Caçadores e assassinato
Após a fuga, em 1996, caçadores profissionais da Região Centro-Oeste vieram ao Espírito Santo para tentar, novamente, pegar o bicho em Castelo. Ao lado de cães farejadores, eles percorreram as matas do Forno Grande e região por dias com auxílio dos guardas, sem sucesso algum.
“Ela sumiu e, quatro anos depois, em 2000, houve um caso de assassinato. O autor fez ranhuras no corpo para simular um ataque de onça. Na época foi contratado outro caçador de Mato Grosso do Sul. Acredito que o animal suspeitou que estava sendo seguido e atravessou a rodovia que corta Castelo e Cachoeiro, atacou um rebanho de ovelhas, se alimentado de uma, e foi parar em Muqui. Passou alguns meses lá e depois voltou. O último registro de andanças por aqui foi em agosto de 2000”, conta o guarda-florestal.
Parque Estadual do Forno Grande
Além de pegadas da onça em moldes de gesso, da jaula e das presas, estão expostas no parque estadual fotos de outra onça-pintada que surgiu na região, em 1957. Ela foi abatida por moradores locais. No centro de visitantes há também uma rica exposição da fauna local.
O horário de funcionamento do parque é de 8h às 16h. Não necessita agendamento, mas o acesso às trilhas só é permitido até às 14h.
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