Onça foi capturada em 1996, em Castelo, mas conseguiu fugir da jaula
Onça foi capturada em 1996, em Castelo, mas conseguiu fugir da jaula . Crédito: Arte/ A Gazeta

Captura de onça-pintada fez caçadores de fora virem para cidade do ES

Mesmo preso em uma jaula de ferro, animal usou presas para forçar as grades e fugir; na época, até caçadores de outros Estados com cães farejadores vieram ao Espírito Santo

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Cachoeiro de Itapemirim / Rede Gazeta
Publicado em 24/08/2024 às 08h59

Há quase 30 anos, guardas ambientais e até caçadores de outros Estados estiveram empenhados em Castelo, no Sul do Espírito Santo, para encontrar o maior felino das Américas: uma onça-pintada. O jovem macho rondava a região de Forno Grande e estava matando animais. Antes que fosse abatido por um agricultor lesado, uma força tarefa foi montada e o animal acabou capturado numa jaula de ferro. Mas, o felino forçou as grades e conseguiu fugir, sem nunca mais ser visto novamente.

Quem relembra os episódios dessa história é o guarda-florestal José Bellon. “Esse felino na época chegou a matar nove cabras de uma única propriedade, numa noite. Na época um especialista em onças, um biólogo de São Paulo, falou que esse hábito era estranho e isso poderia se tornar perigoso para humanos”, relembra o profissional em entrevista ao repórter Gustavo Ribeiro, da TV Gazeta Sul.

Proprietários que estavam na época perdendo seus rebanhos por conta dos ataques do felino queriam ver o bicho abatido. 

José Bellon

Guarda-florestal

"Para evitar que a onça-pintada fosse sacrificada, decidiram capturar o animal. Cerca de um ano depois, em 1996, conseguimos que ela entrasse numa das armadilhas, mas isso durou somente três dias. Ela conseguiu escapar da jaula"
Jaula onde onça foi presa está exposta no parque estadual
Jaula onde onça foi presa está exposta no parque estadual . Crédito: Filipe Vargas

O guarda-florestal recorda que a força do animal para sair da jaula foi tão grande que ela entortou as grades com os dentes. Com isso, a armadilha (uma espécie de alçapão) se abriu e durante a noite, e ela foi embora. A intenção da época era levar o animal resgatado para São Paulo.

Partes dos dentes do animal se quebraram na fuga forçada e ficaram na porta da jaula. As presas estão expostas no Parque Estadual do Forno Grande, assim como a armadilha onde o felino foi pego.

Presas da onça deixadas durante a fuga em 1996
Presas da onça deixadas durante a fuga em 1996. Crédito: Filipe Vargas

Em 2023, outro caso envolvendo onça ganhou repercussão na Região Sul do Espírito Santo. Desta vez em Mimoso do Sul, e o registro dela foi feito por acaso, por um empresário que esperava flagrar em uma câmera uma onça-parda que rondava a região.

Caçadores e assassinato

Após a fuga, em 1996, caçadores profissionais da Região Centro-Oeste vieram ao Espírito Santo para tentar, novamente, pegar o bicho em Castelo. Ao lado de cães farejadores, eles percorreram as matas do Forno Grande e região por dias com auxílio dos guardas, sem sucesso algum.

“Ela sumiu e, quatro anos depois, em 2000, houve um caso de assassinato. O autor fez ranhuras no corpo para simular um ataque de onça. Na época foi contratado outro caçador de Mato Grosso do Sul. Acredito que o animal suspeitou que estava sendo seguido e atravessou a rodovia que corta Castelo e Cachoeiro, atacou um rebanho de ovelhas, se alimentado de uma, e foi parar em Muqui. Passou alguns meses lá e depois voltou. O último registro de andanças por aqui foi em agosto de 2000”, conta o guarda-florestal.

Parque Estadual do Forno Grande

Além de pegadas da onça em moldes de gesso, da jaula e das presas, estão expostas no parque estadual fotos de outra onça-pintada que surgiu na região, em 1957. Ela foi abatida por moradores locais. No centro de visitantes há também uma rica exposição da fauna local.

Pegadas da onça-pintada feitas em moldes de gesso
Pegadas da onça-pintada feitas em moldes de gesso . Crédito: Filipe Vargas

O horário de funcionamento do parque é de 8h às 16h. Não necessita agendamento, mas o acesso às trilhas só é permitido até às 14h.

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