Em 16 de março de 2000 foi inaugurado o atual prédio da Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Junto a ele, bem ao lado da escadaria da entrada principal da Casa, um belo e imponente chafariz adornava a fachada da sede do Poder Legislativo capixaba. Só que o jorrar das águas e as cascatas duraram pouco tempo. Mas, afinal, o que aconteceu com a estrutura? Por qual motivo ela foi desativada? A reportagem de A Gazeta foi atrás de respostas.
Tudo começou em 1993, ano em que foi iniciada a construção da atual sede da Assembleia. Localizado em um dos bairros nobres de Vitória, a Enseada do Suá, o edifício, muito mais robusto que o antigo prédio do Legislativo estadual — que ficava no Centro de Vitória, em um local onde hoje funciona o Palácio da Cultura Sônia Cabral — dava o primeiro passo rumo à modernização da estrutura e serviços.
Dez anos após o início da construção da atual sede da Ales, o maquinário do chafariz foi desativado por determinação do então presidente da Casa, o deputado estadual Cláudio Vereza. O motivo? A estrutura e o espelho d’água passaram, com o tempo, a causar problemas de infiltrações na garagem do prédio. Em entrevista para o jornal A Gazeta em setembro de 2007, o parlamentar deu mais detalhes sobre a decisão.
Cláudio Vereza
Presidente da Ales (2003-2005)
"Tivemos muitos problemas de vazamento. Como os lagos eram suspensos, a água descia toda para a garagem. Era um custo alto com manutenção. Fizemos um estudo para transformar aquela área em um jardim, mas como ia ficar caro, resolvemos deixar para lá"
À época, o jornal noticiou que a aparelhagem desativada em 2003 estava avaliada em aproximadamente R$ 320 mil. Eram quatro bombas, com potências que variavam de 20 a 30 cavalos, além de quatro filtros que juntos conseguiam filtrar pelo menos 200 mil litros de água. A máquina também possuía 19 registros feitos em bronze, avaliados em R$ 2,5 mil cada, e um painel de controle.
Vistorias constantes
Com a série de bombas, filtros e tubulações parados em um pequeno quarto — uma espécie de porão — na garagem do prédio da Ales, era necessária uma manutenção frequente para evitar que o material se deteriorasse pela ferrugem. Por isso, ao menos uma vez por semana, um mecânico ia até o local para vistoriar os equipamentos.
“O mecânico sempre vem aqui, gira os registros, liga o motor. Mas não podemos deixar ligado muito tempo porque não tem água. Mas sempre colocamos a máquina para funcionar, porque, se ficar parada, ela vai estragar”, disse o então supervisor do setor de manutenção e conservação da Casa na época, Renato Cavalcanti, ao jornal A Gazeta.
Na tentativa de dar uma utilidade aos equipamentos, o supervisor chegou a solicitar um parecer da Procuradoria-Geral da Ales para saber como e se seria possível doá-los para algum órgão do Estado que realmente utilizaria as máquinas. Na época, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) se mostrou interessado nas bombas.
No entanto, segundo a Diretoria de Infraestrutura e Logística da Casa — setor responsável pela manutenção e também por equipamentos da Ales — atualmente a aparelhagem permanece na garagem da Assembleia.
Espelho d’água pode virar jardim
A matéria de setembro de 2007 do jornal A Gazeta chegou a noticiar, à época, que havia um projeto na Casa que previa o melhor uso da área externa da Assembleia. A ideia era transformar o antigo espelho d’água em um jardim, visto que ninguém pensava em reativar as cascatas e os lagos, já que isso implicaria em gastos com água e energia elétrica.
Apesar de não ter ido para frente desde então, o projeto pode estar prestes a se concretizar. A reportagem entrou em contato com a Assembleia que informou, por meio da Secretaria de Comunicação Social, que o atual presidente, o deputado estadual Marcelo Santos, tem planos de transformar o espelho d’água em um jardim.
Além disso, de acordo com o diretor de Infraestrutura e Logística da Casa, Sérgio de Sá, já foram realizados cálculos estruturais no local onde funcionava o chafariz. Segundo ele, em breve será aberto um processo de contratação da empresa que ficará a cargo da construção do futuro jardim.
“Nosso foco é dar uso para o espaço onde funcionava o espelho d’água. Por isso, já foi feito um cálculo estrutural para ver se a laje suportaria a carga do jardim [as terras e as plantas]. O cálculo apontou que é sim possível instalar um jardim naquele espaço”, concluiu o diretor.
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