Muito antes da novela Pantanal fazer sucesso, histórias contadas de geração para geração abordam mistérios e pactos macabros que hoje são vistos como lendas. Na ficção, Xeréu Trindade faz premonições e tem uma viola enfeitiçada graças a um pacto com o "cramulhão". O "coisa-ruim" também faz parte de lendas capixabas.
Talvez a mais conhecida na Grande Vitória é a da Pedra de Inhanguetá, que fica localizada no bairro de mesmo nome, na capital Vitória. O historiador Fernando Achiamé lembra que a etimologia da palavra, de origem da língua Tupi, é “Pedra do Diabo”.
Segundo Achiamé, a história aconteceu no quintal de uma casa no bairro Inhanguetá. Ali morava um fazendeiro muito rico e avarento. A propriedade dele era próspera, com gado e plantações na região.
Até que um dia uma grande crise assolou a região e colocou o sucesso do fazendeiro em risco. Então, ele prometeu ao capeta a alma do seu filho, que era um pequeno rapaz, em troca do retorno da prosperidade.
A mulher do fazendeiro desconfiou do que estava acontecendo. Ela correu para pedir a Santo Antônio que protegesse seu filho.
Na noite de sexta-feira, o homem levou o filho para entregá-lo ao diabo. Quando isso estava prestes a acontecer, Santo Antônio apareceu e fez uma cruz no chão. O menino foi salvo e o capeta fugiu em uma nuvem de enxofre.
No terreno onde tudo isso aconteceu, ficaram três marcas na pedra: a cruz, o pé de Santo Antônio (menor) e o pé do diabo (maior).
"Se você for pesquisar, dizem que existem ainda essas marcas no quintal da casa de uma senhora. Uns anos atrás eu conversei com o sobrinho dela. Ele morou lá e disse que sabia onde estavam”, afirma Achiamé.
GRITOS NA TRILHA DA PEDRA DAS CAVEIRAS
A Pedra das Caveiras, em Atílio Vivácqua, no Sul do Espírito Santo, é cercada de mistérios. Dizem que quem sobe a trilha dessa pedra falando em tesouro, dinheiro ou riquezas, ouve gritos de terror e pedidos de socorro vindos da mata.
O encontro de sete caveiras em uma gruta da pedra deu origem à história e ao nome do ponto turístico. Moradores contaram que, na década de 1930, um caçador encontrou sete esqueletos próximos do topo. Reza a lenda que um antigo dono de terras da região, rico fazendeiro, tinha um pacto com o cramulhão. Um urubu passou a assombrá-lo.
Ao pressentir que ia morrer, o fazendeiro pediu para que quatro índios enterrassem o seu tesouro em uma floresta, perto da pedra, para que ninguém o encontrasse. Em seguida, ordenou que três capatazes matassem os índios. Pensa que acabou? Como os capatazes também sabiam onde estavam enterradas as riquezas, foram igualmente assassinados no local.
A Pedra das Caveiras fica na localidade de Praça do Oriente e está a cerca de sete quilômetros da sede de Atílio Vivácqua. A subida até a caverna, que tem um grande salão de pedra a 605 metros de altitude, dura cerca de uma hora de trilha e o acesso ao lugar passa pela propriedade particular da família de Ronaldo Guimarães.
Ele afirmou já ter perdido as contas de quantas vezes visitou o local, que hoje atrai muita gente curiosa com a história macabra e também amantes de aventuras radicais.
O historiador e arqueólogo Márcio do Nascimento Santana, que é montanhista, já desbravou a Pedra das Caveiras e brinca: “Dizem que quem sobe a trilha dessa pedra falando em tesouro, dinheiro ou riquezas começa a escutar gritos de terror e de socorro. Eu não fiz para ver se era verdade."
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