A terra do cantor Roberto Carlos e dos renomados escritores Newton e Rubem Braga é também terreno fértil de fatos peculiares que, inclusive, se entrelaçam com a história do Espírito Santo. Cachoeiro de Itapemirim, maior município do Sul do Estado, foi a primeira cidade capixaba a ter energia elétrica, já teve "torre que faz chover" e até inauguração de obra com movimento abolicionista.
Situada a 137 quilômetros de Vitória, a "capital secreta" do mundo é habitada por cerca de 212.172 mil pessoas, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município, aliás, teve início às margens de um rio e o nome deriva das características do afluente e cachoeiras do Rio Itapemirim, que corta toda a cidade, segundo o site da Prefeitura.
Cachoeiro de Itapemirim é repleto de histórias que moldaram a construção do município. Abaixo listamos algumas delas. Confira:
HINO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
Diferentemente de outros municípios, o hino – canção oficial do maior município do Sul do Espírito Santo é uma música. “Meu Pequeno Cachoeiro" exalta as belezas do lugar e a saudade do compositor da terra onde nasceu. A letra foi escrita em 1962 pelo também cachoeirense Raul Sampaio e oficializado como hino por Lei Municipal em 1966. Em 1969, a canção foi um dos sucessos gravados por Roberto Carlos. Raul faleceu em janeiro deste ano, aos 93 anos.
ENERGIA ELÉTRICA? TEMOS!
Segundo dados da Prefeitura de Cachoeiro, em 1903, o município, à frente de outras cidades, inaugurou uma estação própria de geração de energia elétrica e se tornou a décima cidade do país – e primeira do Espírito Santo – a dispor de uma usina elétrica. Para a produção energética era utilizando a força das águas do Rio ltapemirim.
![Ponte da Ilha da Luz, Cachoeiro de Itapemirim](https://midias.agazeta.com.br/2022/07/28/ponte-da-ilha-da-luz-cachoeiro-de-itapemirim-805551-article.jpg)
Antes, a iluminação noturna das cidades do Espírito Santo era feita com óleo de peixe, óleo de mamona e até querosene. Bernardo Horta, então presidente da Câmara Municipal, inaugurou a estação Ilha da Boa Esperança, atualmente conhecida como Ilha da Luz.
SENTIMENTO BAIRRISTA
“Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa: “Eu sou lá de Cachoeiro". A frase do escritor Rubem Braga traduz o sentimento bairrista de muitos nascidos na cidade, que expressam orgulho da terra. E o apelido ‘capital secreta’ tem relação com o ilustre cachoeirense.
![Rubem ganhou reconhecimento nacional com a crônica, que ajudou a consolidar como gênero literário](https://midias.agazeta.com.br/2022/07/14/rubem-braga-798474-article.jpeg)
O professor e membro da Academia Cachoeirense de Letras Davi Loós explicou que o apelido ganhou popularidade na década de 60. E, existem duas versões. “A mais aceita é que Vinícius de Moraes era amigo de Rubem Braga e ele teria ficado impressionado, pois a cidade era pequena e tinha muita cantores, muitas pessoas de expressão. Talvez, ele tenha ironizado, mas Rubem passou a adotar isso e disseminou o apelido. A outra versão é que ele mesmo teria dado esse nome”, contou.
A TORRE QUE FAZ CHOVER (DEVERIA...)
Para minimizar o calorão, típico da cidade na maior parte do ano, em meados de 1992, a Prefeitura teve uma ideia. Construiu o "Monumento ao Divino Espírito Santo". O feito custou mais de 200 milhões de cruzeiros e a promessa era fazer chover ‘artificialmente’ num raio de 150 metros, com objetivo de reduzir a temperatura em até 10 °C.
Além de “torre de fazer chover”, a estrutura ganhou vários apelidos: “mijódromo”, “chuveirão” e até “baleia-mãe”. As 12 hastes metálicas, nos 33 metros de altura, que simbolizavam as Doze Tribos de Israel antiga, foram completamente desmontadas cerca de uma década depois, em fevereiro de 2002.
![Monumento ao Divino Espírito Santo: promessa era](https://midias.agazeta.com.br/2021/07/02/monumento-ao-divino-espirito-santo-promessa-era-fazer-chover-em-um-raio-de-150-metros-e-diminuir-10c-549815-article.jpg)
MOVIMENTO ABOLICIONISTA EM CACHOEIRO
Segundo dados da Câmara Municipal, em 1877, a sede do legislativo e a cadeia funcionavam numa casa particular, alugada. Uma das primeiras preocupações da Câmara foi a construção de uma ponte para ligar os dois lados da cidade. A primeira Ponte Municipal (foto) foi inaugurada em 11 de junho de 1887, no auge da campanha abolicionista.
![Primeira Ponte Municipal, centro de Cachoeiro de Itapemirim](https://midias.agazeta.com.br/2022/07/28/primeira-ponte-municipal-centro-de-cachoeiro-de-itapemirim-805577-article.jpg)
O presidente da casa na época, Carlos Bernardino Maciel, aproveitou a oportunidade e fez um discurso inflamado para dar carta de alforria ao seu escravo André. Além disso, se dispôs a pagar 600 mil réis ao Juiz de Órfãos, para libertar a escrava Beatriz, do médico italiano Salvador Rizzo.
Segundo as publicações da época, ela logo foi declarada liberta, “por ser aquele seu valor legal”. Outro discursante na data foi o vereador Dr. Joaquim de Oliveira Seabra, sogro de Rizzo, que também declarou liberto o seu escravo Vidal.
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