Os principais jornais impressos do Brasil destacavam: "Bolão capixaba divide prêmio da Mega-Sena". Não era apenas uma boa notícia, mas o maior prêmio da história da Mega-Sena até aquele momento, muito antes dos valores milionários da Mega da Virada. Mais de R$ 24,5 milhões que seriam distribuídos aos sortudos que participaram de um bolão feito em Vila Velha. A boa nova chegou para dezenas de pessoas em forma de papel, como o jornal A Gazeta, e também por ligações telefônicas feitas por Celso Campanharo, proprietário da lotérica Risque e Ganhe, onde as cotas haviam sido vendidas até julho de 1998, quando houve o sorteio. A notícia, então, se espalhou: quem eram os vencedores?
Os textos publicados nos jornais impressos, meio de comunicação popular e muito procurado na época, mostravam que aquele dia, 18 de julho de 1998, havia sido um momento histórico. Os jornais divergiam sobre a quantidade de sortudos. Uma das manchetes indicava que 100 pessoas haviam participado do bolão e, consequentemente, vencido a Mega-Sena milionária. Descobriu-se depois que eram, na verdade, 100 cotas vendidas. Foram 69 vencedores, com números diferentes de cotas cada um.
O sorteio aconteceu em Campos do Jordão, no Estado de São Paulo, em um sábado à noite. A notícia ganhou os jornais na segunda, dia 20 de julho. Segundo relatado à época pela Folha de São Paulo, a grana do concurso 124 da Mega-Sena acumulou 11 vezes antes de chegar às mãos dos capixabas. Ou seja, o valor inicial era bem diferente do que o sorteio final no dia 18 de julho.
R$ 24.536.288,72
Foi o valor sorteado na Mega-Sena em julho de 1998
Considerando o tamanho do grupo que participou do bolão, cada cota valeu aproximadamente R$ 245 mil. Isso significa que um sortudo que tenha comprado dez cotas levou para casa mais de R$ 2,4 milhões. O Jornal A Gazeta destacou na época que a maioria dos ganhadores era dos bairros Santa Mônica, Novo México, Araçás e Jardim Asteca. Alguns apostadores moravam em Vitória na época em que a sorte "sorriu" para os capixabas. Celso Campanharo diz que até gente de Minas Gerais comprou cotas do bolão.
Jornais destacam prêmio milionário em 1998
O resultado positivo para os capixabas, mas também para mineiros, foi uma novidade para o dono da lotérica. Aquele foi o primeiro "bilhete premiado" vendido na lotérica do Celso. Após o resultado, muita gente acreditou que a sorte ainda rondava por ali. O empresário contou, em conversa com A Gazeta, que a lotérica passou a ser o local mais procurado do Espírito Santo para os jogos da Caixa Econômica Federal.
O prêmio fez jus à máxima de que a felicidade só é real quando compartilhada. Além dos 69 sortudos, Celso Campanharo recebeu uma compensação financeira da Caixa, considerando a venda do bilhete premiado, e cada uma das funcionárias da lotérica levou para casa um carro 0km.
Celso Campanharo
Proprietário da lotérica Risque e Ganhe, de Vila Velha
"Eu consigo escrever um livro com a história deste prêmio. Ele tá muito na memória. E tem muita gente que ficou de fora. Por isso eu falo que dá para escrever um livro"
O empresário de 63 anos contou como foi contar aos vencedores sobre o sorteio do prêmio: "Eu tinha contato de algumas pessoas. Comecei, então a fazer contato. 'Está sentado, meu amigo?'. Avisava que as pessoas tinham vencido a Mega-Sena, era uma felicidade muito grande", disse.
Uma das funcionárias que trabalhava na lotérica em julho de 1998 era Márcia Falcão. Ela segue na ativa e ainda trabalha no local. Em conversa com A Gazeta, Márcia lembrou a felicidade de ver os outros conquistarem milhões na Mega-Sena.
Márcia Falcão
Funcionária da lotérica
"Eu vi muita coisa, trabalho em caixa lotérica há mais de 30 anos. O que eu vi de melhor foi quando ganharam o prêmio, até então era o maior prêmio. Quem ganhou entrava na lotérica, se jogava no chão, jogava as pernas para o alto. A gente ficava feliz de ver"
No dia 21 de julho de 1998, Márcia Falcão apareceu na capa do jornal A Gazeta. Ao lado de duas colegas, ela ostentavam a felicidade após a venda do bilhete premiado.
Prêmio foi conquistado por aposta feita pelo dono da lotérica
A sorte estava mesmo rondando por Vila Velha. Mas havia uma estratégia por trás dos números. Celso Campanharo explica que, em prêmios maiores, costumava fazer alguns bolões e vender na lotérica. As dezenas (números escolhidos) que eram sorteados em prêmios anteriores, permaneciam nas apostas seguintes. As dezenas erradas (aquelas que não haviam sido sorteadas) eram retiradas e novas escolhas eram feitas.
Durante entrevista à reportagem de A Gazeta, perguntamos ao Celso qual seria o segredo para acertar na Mega-Sena. Apesar da explicação sobre a escolha dos números, ele brincou: "Se eu soubesse o caminho das pedras, teria acertado umas dez vezes. Sorte é sorte", afirmou.
Mais de 26 anos após a conquista milionária na lotérica, Celso Campanharo segue trabalhando com duas lojas, ambas em Vila Velha. Apesar de já estar aposentado, ele afirma que não pretende largar o ramo das apostas.
Como funciona a Mega-Sena
Celso Campanharo e Márcia Falcão, conhecedores da Mega-Sena, explicam: muita coisa mudou desde 1998, inclusive no quesito regulamentação dos jogos. O que não mudou, no entanto, foi o mistério da sorte. O que fazer para ganhar? Como escolher os números?
A Mega-Sena paga milhões para o acertador dos 6 números sorteados. Ainda é possível ganhar prêmios ao acertar 4 ou 5 números dentre os 60 disponíveis no volante de apostas. Atualmente, os sorteios da Mega-Sena são realizados três vezes por semana: às terças, quintas e aos sábados.
A aposta mínima, de 6 números, custa R$ 5,00. Quanto mais números marcar, maior o preço da aposta e maiores as chances de faturar o prêmio mais cobiçado do país. Não havendo acertador em qualquer faixa, o valor acumula para o concurso seguinte, na respectiva faixa de premiação. Os prêmios prescrevem 90 dias após a data do sorteio. Após esse prazo, os valores são repassados ao tesouro nacional para aplicação no FIES - Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior.
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