Uma das personalidades que mais ficou famosa no Espírito Santo entre os anos de 2013 e 2017 não é um humano. O elefante-marinho (Mirounga leonina) Fred — apelidado em homenagem ao, na época, jogador da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2014, por ficar "paradão" — ganhou o coração dos capixabas ao fazer aparições nas praias do Estado.
No entanto, há alguns anos o animal não faz uma visitinha em terras e águas capixabas. A dúvida é: será que ele se inspirou no xará, o agora ex-jogador de futebol, e resolveu se aposentar?! Essa pergunta não tem resposta, mas abaixo listamos as passagens do Fred em nosso litoral. E são muitas, tá!
Ah, mas antes que você se pergunte porque voltamos a falar do Fred, nós explicamos. Nos últimos dias, um primo distante do ilustre elefante-marinho resolveu aparecer no litoral de Conceição da Barra. A visita inesperada aguçou a memória de muitas pessoas, que se lembraram do mais famoso dos elefantes-marinhos já avistado pelo ES. E como recordar é viver, o Capixapédia vem aqui recontar esta incrível história.
PRAZER, FRED!
As primeiras visitas do elefante-marinho no Estado, entre agosto e outubro de 2012, foram discretas. As aparições ocorreram em praias desertas, e só foram registradas por projetos de monitoramentos marinhos. O animal visitou a Praia Grande, em Fundão, Praia dos Padres, em Aracruz, e a Praia Mole, na Serra, segundo os registros publicados em um artigo da revista acadêmica Latin American Journal of Aquatic Mammals.
O animal — que ainda nem tinha recebido o apelido de Fred — só começou a ficar conhecido no ano seguinte. Em 2013, ele perdeu a timidez ao aparecer em praias mais movimentadas da região Metropolitana da Grande Vitória.
Fred era sucesso toda vez que dava o ar da graça. Uma multidão se reunia para tirar fotos e também chegava perto do elefante-marinho. Nas ocasiões, os biólogos ainda não sabiam que era o mesmo animal que voltava para descansar no litoral capixaba.
FAMA E O APELIDO
O sucesso do Fred só aumentou. Toda vez que ele escolhia uma praia do Estado para descansar, virava notícia e os “fãs” se aglomeravam para vê-lo. No entanto, a aproximação deixava o animal estressado e trazia riscos para quem ousasse se aproximar além do permitido. Tinha até quem tentasse nadar com o mamífero, um perigo!
A partir de 2014, ele começou a ser monitorado e protegido pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram). As equipes precisavam montar uma força-tarefa e cercar o local da praia em que o animal estava.
Em julho do mesmo ano, durante o período da Copa do Mundo, o elefante-marinho resolveu prolongar a estadia em uma praia de Vila Velha. Por lá, foram sete dias descansando. Por passar muito tempo dormindo, os moradores do local começaram a chamá-lo de Fred, em "homenagem" ao ex-jogador, que se destacou por ficar "parado" em campo durante os jogos da Seleção.
"Algumas pessoas que foram à praia deram o nome a ele. Nessa hora, o animal estava dormindo, sem se movimentar, e as pessoas começaram a chamá-lo de Fred", contou, na ocasião para a reportagem da TV Gazeta, o biólogo Bruno Berger.
"CRISE" E ATAQUE
Nem o Fred escapou da "crise da adolescência". O astro de personalidade forte teve alguns episódios de "revolta'' em 2016, quando tentou atacar o barco de um pecador e até furou uma banana boat, estacionada em uma praia de Vila Velha.
Na ocasião, a TV Gazeta conversou com o dono do bote, ancorado na Praia do Ribeiro, que foi estourado (com uma mordida) pelo animal. O prejuízo? R$ 12 mil. Tudo foi perdoado, claro. “Não vou cobrar do Fred, né? É da natureza dele, e está no mar, que é o local dele”, brincou o proprietário, Luciano Moraes, na época.
Os biólogos do Ipram explicaram que o Fred passava por uma alteração hormonal da adolescência, o que o deixava mais agressivo.
FRED É ENCONTRADO DEBILITADO
Ao longo das visitas que fez ao litoral capixaba, era comum que Fred aparecesse com alguns novos machucados, principalmente causados por ataques de tubarões, mas sem gravidade. No entanto, em janeiro de 2017, o elefante-marinho foi encontrado em péssimo estado de saúde na praia de Guriri, em São Mateus, no Norte do Estado, e os institutos ambientais decidiram que uma intervenção era necessária.
Foi organizada uma operação conjunta mobilizando órgãos públicos e ONGs para resgatar e transportar o animal até uma casa com piscina, onde iniciou o processo de reabilitação.
O animal foi transportado pelo caminhão da cavalaria da Polícia Militar para a sede da ONG SCITECH, em Guriri, onde foi cuidado e monitorado por veterinários e biólogos. Ele passou por procedimentos de estabilização e tratamento dos ferimentos, além de ser alimentado com cerca de 30 quilos de peixes para ganhar peso.
Após 139 dias de tratamento, o Fred finalmente recebeu alta e foi solto no mar no dia 12 de junho do mesmo ano.
TOUR NA ARGENTINA E URUGUAI
A partir de 2018, Fred "cansou" do Brasil. Ao longo do ano ele escolheu visitar o litoral da Argentina e do Uruguai, e também fazer fama por lá. Após a notícia de que o elefante-marinho tinha se recuperado com sucesso depois do tempo ‘internado’, o Ipram começou a receber mensagens e fotos do animal, de cidadãos dos países. Com essas imagens foi possível reconhecer que se tratava do astro dos capixabas.
Fred foi reavistado várias vezes a partir de abril de 2018 na região do balneário de Biarritz, no Uruguai. Entre 20 e 21 de janeiro, na região do Mar del Plata, e, a última passagem, no fim de agosto do mesmo ano, na praia de Bristol em Buenos Aires, na Argentina.
CADÊ O FRED?
Desde as visitas à Argentina no fim de 2018, o Ipram não tem mais registros de aparições do Fred. Segundo o instituto, conforme o animal cresce, a tendência é que seja cada vez mais difícil confirmar a identidade apenas por fotos.
O médico veterinário e diretor do Ipram, Luis Felipe Mayorga, acredita que Fred continue vivo, mas tenha parado de passear por aí e se concentrado em construir uma família (ou várias, no próprio harém).
“Conforme ele avance em idade, os hormônios da maturidade sexual influenciam no comportamento, Assim ele concentra os esforços em competir com outros machos nas ilhas antárticas e subantárticas, para formar o próprio harém”, afirma.
REPOUSO E "LOVE"
O harém não é à toa, visto que o elefante-marinho tem uma vida de dar inveja em muitas pessoas, já que os machos podem passar o dia descansando e só se locomovem para defender as parceiras ou acasalar.
O diretor do Ipram acredita que seja difícil que Fred volte a ser visto no litoral capixaba, mas se ele for derrotado ou perder as fêmeas para outro macho, quem sabe ele não dê uma voltinha pelo Atlântico para espairecer e pinte por aqui novamente. Certeza que será bem-vindo!
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