No meio da Capital do Espírito Santo, uma área de mata fechada com algumas casas, mas que chamava atenção para o cultivo de uma horta e a criação de gado. O lugar, atualmente conhecido como Parque Estadual da Fonte Grande, é uma área de 218 hectares, coberto por remanescentes da Mata Atlântica e guarda algumas histórias. Uma delas é a da Fazenda Boa Vista, local de moradia e de plantação, mas que hoje restou apenas parte da estrutura.
O Parque Estadual da Fonte Grande está localizado no coração do Maciço Central de Vitória e é protegido por lei. Quem chega ao local para visitação ou trilha, encontra um informativo da Prefeitura de Vitória, que relata um pouco da história vivida na Fazenda Boa Vista.
O nome da fazenda, aliás, não é por acaso: o local tem vista privilegiada para a Baía de Vitória e para o Convento da Penha. A construção da residência aconteceu em 1868. Ou seja, há mais de 150 anos. Naquela época, Vitória já era a Capital do Espírito Santo, mas tinha uma população menor do que atualmente e o parque ainda não tinha área delimitada.
1868
Foi o ano de construção da Fazenda Boa Vista
A construção da casa em que ao menos duas famílias moraram ao longo dos anos envolveu materiais simples, longe do que é utilizado atualmente. Segundo relatos locais, a estrutura foi construída apenas com pedra e barro, misturados a conchas do mar. As imagens feitas pelo fotógrafo Fernando Madeira mostram o aspecto irregular da superfície. De longe, é possível identificar o formato de algumas portas e a altura da residência.
Fazenda Boa Vista, dentro do Parque da Fonte Grande, em Vitória
Os moradores da região acumulam histórias sobre o local. O morador de Fradinhos João Manoel, mais conhecido como Nenel e responsável por promover caminhadas ecológicas na Fonte Grande, conta que há pelo menos 30 anos não há mais moradores na Fazenda Boa Vista. A história, segundo ele, começou muito antes de ele nascer.
João Manoel (Nenel)
Educador Ambiental
"Sempre falam muito sobre um agricultor chamado Seu Antônio. Ele era responsável por abastecer a Vila Rubim com muitos produtos. E plantava tudo nas redondezas da Fazenda Boa Vista. Tinha plantação de alface, muitos pés de laranja e outras coisas"
Os relatos de Nenel são compatíveis com a história reproduzida pela Prefeitura de Vitória. Segundo a administração municipal, a residência pertenceu à família Porfílio. Depois, passou para a família Varejão.
O educador ambiental afirma que a horta começou a ser cultivada pela família Porfílio, tendo Seu Antônio como liderança. Após a morte do agricultor, a residência foi vendida para a família Varejão. Não há informações sobre o motivo e o ano em que o local deixou de ser ocupado.
Parque foi criado um ano após tragédia em Vitória
A origem e a criação do Parque Estadual da Fonte Grande foram efetivadas por meio de uma lei estadual em 1986. A área pertence ao governo do Espírito Santo, mas é administrada pela Prefeitura de Vitória, por meio de um convênio firmado em 1992.
O Parque foi criado um ano após a tragédia na comunidade Morro do Macaco. Na madrugada do dia 15 de janeiro de 1985, uma pedra de cerca de 150 toneladas foi atingida por um raio e rolou no Morro do Macaco, em Tabuazeiro, em Vitória. 40 pessoas morreram e outras 150 ficaram feridas.
Um dos objetivos da criação do parque era impedir a ocupação irregular, proteger a floresta e estabilizar as encostas do Maciço Central de Vitória. João Manoel ressalta a importância da proteção ambiental.
"Os especialistas da Universidade Federal do Espírito Santo entenderam que não seria adequado construir casas na encosta, por causa do risco. O parque tem uma importância fundamental", afirma.
Atualmente, o Parque da Fonte Grande é um dos pontos turísticos mais visitados de Vitória. Se o assunto é vista bonita, a área permite lindas fotos e uma paisagem de tirar o fôlego.
Do parque, a 300 metros de altitude, os visitantes podem avistar toda a Baía de Vitória, o manguezal e pontos paisagísticos, históricos e culturais de Vitória e dos municípios vizinhos. Para isso, o espaço conta com quatro mirantes, sendo três inaugurados neste ano: o Mochuara, o Sumaré e o Recanto da Floresta.
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