O mês de fevereiro chegou com sol forte e temperaturas batendo recorde no Espírito Santo. No último fim de semana, Vitória registrou máxima de 36,7° C no domingo (5). Em Vila Velha, foi de 35° C. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi o dia mais quente do ano na capital capixaba.
Mas como esses números indicam a temperatura registrada nas estações de monitoramento, o calor sentido pelas pessoas pode ser ainda maior do que a dos termômetros e também varia muito entre os bairros.
Uma pesquisa realizada pelo doutor em Geografia Wesley de Souza Campos Correa, do Instituto de Estudos do Clima da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), apontou as regiões mais quentes da Grande Vitória.
Na análise, imagens registradas por satélite mostram que, em áreas urbanas concentradas, com muito concreto, asfalto, pouca arborização e longe da costa, a temperatura pode ser até 5ºC mais elevada na comparação com áreas mais arborizadas e próximas à costa, influenciada por fatores que ajudam a amenizar o calor, como a brisa do mar.
Dessa forma, ele afirma no estudo, ficam evidenciadas as chamadas ilhas de calor na Grande Vitória. Wesley explica que essas regiões são um fenômeno da urbanização, quando, em média, a cidade é muito mais quente do que arredores e áreas rurais.
O especialista ainda destaca que áreas como as de comércio, as vias de grandes circulação de veículos e o parque industrial (entre Vitória e Serra) apresentam o registro de temperaturas mais altas, superiores a 30°C, chegando a 42°C.
“Tal comportamento está relacionado ao baixo calor específico e à pouca eficiência de dissipação de calor dessas superfícies. Importante destacar a obstrução da circulação superficial do vento, predominantemente na direção nordeste, favorecendo uma recirculação do ar quente, devido à rugosidade da área em estudo.”
Ele explica, ainda, que comparou as temperaturas registradas em cinco estações na Grande Vitória, sendo quatro urbanas e uma rural (em Vila Velha), com imagens de satélites e com modelos matemáticos que simulam o clima.
A pesquisa também criou um cenário hipotético, substituindo a cidade por vegetação, para saber quanto seria a temperatura na Grande Vitória se, nos locais mais urbanos, houvesse apenas área verde. Resultado: Grande Maruípe, Carapina e Campo Grande seriam até cinco graus mais frescos.
A conclusão do estudo é que a ilha de calor na Grande Vitória tem vários núcleos, ou seja, vários "hotspots" ou pontos quentes. Aponta ainda que, apesar de haver alguns registros de ilha de calor de forte intensidade, são mais frequentes as classes de fraca e média intensidade. Observou-se também que a ilha de calor é mais intensa durante o dia, na estação do verão, nos horários de maior carga térmica.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta