Intimamente ligada ao Espírito Santo, a indústria de rochas ornamentais do Brasil quer melhorar a sua comunicação com o consumidor final. Apesar de, aproximadamente, 70% do setor operar dentro do Espírito Santo, o consumidor final, do Brasil e do mundo, não está aqui. Passa por isso a decisão do setor produtivo e dos organizadores da Vitória Stone Fair de levar a feira para São Paulo, em 2025. O tema já vinha sendo discutido há algum tempo e a decisão foi anunciada na quarta-feira (30), na abertura do evento, no Pavilhão de Carapina. Claro, muita gente foi pega surpresa e o debate acabou chegando a outros segmentos da sociedade capixaba, afinal, é como se um filho tomasse a decisão de sair da casa dos pais.
A estratégia é a seguinte: os empresários do mármore e do granito querem se aproximar dos arquitetos, das tradings, dos compradores estrangeiros, conversar melhor com todo esse ecossistema e, consequentemente, alavancar o negócio. Um evento em São Paulo, o maior mercado brasileiro e vitrine econômica do Brasil lá fora, é vista como a chave para abrir essas portas.
Os maiores concorrentes das rochas ornamentais são os materiais artificiais: porcelanatos, cerâmicas, laminados, silestone, nanoglass e outros. Na visão do empresariado das rochas, os artificiais estão mais expostos no mercado e, portanto, são mais bem vendidos. Os produtos naturais têm de ocupar melhor este espaço que antecede à chegada ao consumidor final. Precisam de uma espécie de 'banho de loja'. A aproximação com os arquitetos é tida como fundamental nesse processo, isso passa pela feira de São Paulo e pela participação de grandes eventos de arquitetura e design mundo afora. O setor produtivo quer apresentar um produto diverso, durável e sustentável.
Responsável por mais de 80% de tudo o que o Brasil exporta, o Espírito Santo será o grande beneficiado caso o plano de expansão dê certo. No ano passado, as exportações de empresas capixabas ficaram em US$ 912,9 milhões (R$ 4,5 bilhões), portanto, 5% de crescimento, e o objetivo é ir muito além disso, representam R$ 225 milhões a mais circulando na economia local.
Para finalizar, é bom dizer que a italiana Marmomac, que agora batiza o evento, batizado de Marmomac Brazil, foi importante na decisão. A companhia é sócia da Milanez & Milaneze, empresa capixaba que organiza a feira desde o seu início, em 2003. A grife mundial de eventos, muito ligada ao setor de rochas, enxerga boas oportunidades de expansão com a ida para São Paulo.
A cartada é alta, não será simples fazer uma feira em São Paulo, mas é muito possível dar certo. Como todo vendedor gosta, o produto é bom.
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