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A saída para a crise portuária do Espírito Santo está nas ferrovias

Quem entende do assunto afirma que é importante olhar para o entorno do cais, mas não é necessariamente ali que a solução para os problemas reside

Publicado em 24/07/2024 às 03h50
Investimento em pátio do ramal ferroviário que conecta Aracruz à Estrada de Ferro Vitória a Minas
Investimento em pátio do ramal ferroviário que conecta Aracruz à Estrada de Ferro Vitória a Minas. Crédito: VLI/Divulgação

Os últimos dias têm sido de intensos debates sobre os entraves que assolam o complexo portuário do Espírito Santo, destacadamente o Porto de Vitória. Setores relevantes da economia capixaba e brasileira, café e rochas ornamentais, soltaram uma carta, no último dia 12 de julho, fazendo pesadas críticas à infraestrutura local. Quem entende do assunto afirma que é importante olhar para o entorno do cais, que há muitas questões a serem melhoradas, mas não é necessariamente ali que a solução para os problemas reside.

"Quando o assunto é infraestrutura portuária, estamos falando de investimentos altos, com retorno visando o longo prazo. Para que tenhamos o volume de investimentos necessário, para que o investidor tenha a coragem de colocar a mão no bolso, é importante que as cargas cheguem em bom volume. Para isso precisamos de rodovias e, principalmente, ferrovias. É fundamental que o Espírito Santo tenha boas conexões com o Brasil Central", assinalou um executivo, com larga experiência no assunto, que prefere se manter em reserva. "Ter bons acessos tem correlação direta com o tamanho dos investimentos que são e serão feitos em complexos portuários".

A conexão capixaba com o Brasil Central, a terra do agronegócio, não mudou nas últimas décadas: Ferrovia Vitória-Minas (da Vale e onde a prioridade é o minério de ferro) e BR 262. Diante do esgotamento das alternativas, os operadores foram em busca de novas opções. Estudo da Findes mostra que, em 2010, de cada 100 toneladas de milho exportadas pelo Brasil, 12,2 toneladas saíam por portos capixabas. Em 2021, de cada 100 toneladas, 1,5 tonelada saiu por aqui. Enquanto a exportação brasileira de grãos (geral, não apenas de milho) explodiu na década passada, saindo de 11,5 milhões de toneladas, em 2010, para 83 milhões, em 2020, o escoamento da produção pelos portos capixabas encolheu: 4,97 milhões de toneladas, em 2010, para 4,81 milhões, em 2021, daí a vertiginosa queda proporcional.

A saída, na visão dos especialistas, passa por modernizar e ampliar o Corredor Centro-Leste. Empresários, entidades e governo do Espírito Santo lutam, em Brasília, para que os investimentos no contorno da Serra do Tigre, em Minas Gerais, saiam do papel. "Uma ferrovia eficiente, que traga cargas de Minas e Centro-Oeste para cá e leve insumos importados daqui para lá, sem dúvida destravaria investimentos em portos. O Espírito Santo, por muito tempo, viveu uma espécie de estrangulamento, as cargas não vinham e os investimentos não eram feitos, um ciclo vicioso. Tanto que perdemos linhas de longo curso e hoje vivemos de cabotagem. Veja que o porto, mesmo recebendo alguns aportes nos últimos tempos, por causa da concessão à iniciativa privada, não suportou uma melhora nas importações e exportações. A saída sustentada do problema passa pelas ferrovias", disse um empresário do setor.

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