Na quinta-feira passada (09), a ArcelorMittal Aços Planos concluiu a compra da Companhia Siderúrgica de Pecém (agora ArcelorMittal Pecém), no Ceará. Foram pagos US$ 2,2 bi aos antigos sócios: Vale (50%), Dongkuk (30%) e Posco (20%). A nova unidade ampliará a capacidade da multinacional de produzir placas de aço no Brasil em 3 milhões de toneladas por ano. Agora, o foco passa a ser agregar valor à produção. A fábrica de Tubarão, em Vitória, a maior da Arcelor no país - 7,5 milhões de toneladas/ano de placas de aço e 4 milhões de toneladas/ano de bobinas a quente -, vai ampliar sua área de atuação.
"Estamos muito satisfeitos com a conclusão de nosso investimento em Pecém. Mostra a confiança da ArcelorMittal no crescimento do Brasil e reforça a nossa estratégia de expansão e verticalização da produção", disse Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos América Latina, em entrevista à coluna. "Não está na nossa agenda produzir mais placas em Tubarão, nossa intenção é verticalizar, é agregar valor. A compra de Pecém reforça a estratégia".
Segundo explicou o executivo, o ano de 2023 será de muito estudo de mercado. "O Brasil vai demandar mais aço galvanizado (com tratamento especial anti corrosão) nos próximos anos. O Brasil é um importador de galvanizados. De olho nisso, estamos ampliando a produção de laminados a frio em Vega (Santa Catarina), mas a fábrica chegará ao seu limite físico. Aí é que entraria Tubarão, que hoje abriga um laminador a quente. Vamos avaliar, ao longo de 2023, como o mercado vai andar e o que irá demandar lá para 2026 e 2027. Estamos confiantes, vamos estudar muito o mercado ao longo de 2023 e, se for o caso, fazer anúncios de investimentos em 2024".
Outra frente relevante para o CEO é a transição energética. "A nossa indústria é uma grande consumidora de combustível, portanto, estamos sempre em busca e abertos a parcerias quando o assunto é transição energética. O hidrogênio se apresenta com um ótimo potencial, mas precisamos de produção em escala industrial. Pecém é um lugar que o governo do Ceará quer transformar em um grande hub de produção de hidrogênio verde. São vários os memorandos já assinados. Além do enorme potencial para a geração de energia eólica, as negociações com grandes players estão em estágio mais avançado, isso nos interessa muito, afinal, é o futuro do nosso negócio. Precisamos de muita energia, de muita energia limpa".
Jorge Oliveira disse que a ArcelorMittal quer ser cliente de projetos de hidrogênio. Ele confirmou conversas com a EDP, embora nada tenha sido fechado até agora. "Para descarbonizar dois terços da produção de aço precisaríamos de investimentos da ordem de US$ 8 trilhoes mundialmente. Mostra um pouco do nosso apetite".
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