
Na última quinta-feira (27), o jornal britânico Financial Times deu a informação de que a brasileira Global Eggs, do empresário Ricardo Faria, comprou, por US$ 1,1 bilhão (R$ 6,3 bilhões), a Hillandale Farms, na Pensilvânia, umas das maiores produtoras de ovos de galinha dos Estados Unidos. A compra dobrará a produção da Global, que tem um faturamento anual de US$ 2 bilhões. A companhia opera no Brasil (sob a responsabilidade da Granja Faria), na Espanha (comprou o Grupo Hevo em novembro passado) e, agora, nos Estados Unidos. E o que o Espírito Santo tem a ver com tudo isso? Muita coisa.
O Espírito Santo é um dos três maiores produtores de ovos do Brasil (São Paulo lidera e o ES disputa a segunda colocação com Minas Gerais). Santa Maria de Jetibá é o município que mais produz ovos (galinha e codorna) no Brasil: cerca de 17 milhões por dia. Em dezembro de 2022, a Granja Faria comprou, por R$ 290 milhões, a BL Ovos, uma das gigantes de Santa Maria. Na época, a BL tinha 3 milhões de aves e produzia 10 milhões de ovos diariamente. No início do ano passado, Faria anunciou um aporte de R$ 60 milhões em maquinário, tecnologia e eficiência energética da BL, que passou a se chamar Iana Alimentos.
Para o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, os movimentos da Global Eggs colocam o Espírito Santo na cadeia mundial do ovo, um dos alimentos mais consumidos do planeta. "Veja o que está acontecendo neste momento: o preço do ovo está subindo em todo o mundo porque as granjas norte-americanas estão enfrentando um surto de gripe aviária. Milhões de aves tiveram de ser sacrificadas e a produção deles encolheu. O ovo, que nunca foi um produto muito movimentado internacionalmente, passou a ser. A operação da Granja Faria no Estado é bem relevante, certamente teremos participação neste novo contexto da cadeia global de ovos".
As exportações de ovos frescos pelo Espírito Santo eram insignificantes até 2022, oscilando entre 16 e 38 toneladas. Em 2023, já com a gripe aviária, as exportações subiram para 725 toneladas. No ano passado, o Brasil vendeu 18,4 mil toneladas.
A grande aposta de Bergoli está nas vantagens competitivas brasileiras. "Milho e soja são os insumos básicos de uma granja. O Brasil é um produtor gigantesco dos dois, por isso, somos muito competitivos lá fora. O mercado internacional faz conta, vai começar a perceber que importar do Brasil faz mais sentido. O transporte sempre foi um complicador, mas as coisas estão avançando. Diante disso, o Espírito Santo surge muito bem, afinal, temos uma cadeia que está pronta e funcionando há muitas décadas. É uma grande oportunidade que se abre".
De olho nisso tudo, o BTG Pactual vai injetar US$ 300 milhões na Global Eggs. Vai ficar com uma participação de 11% na empresa.
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