Planejada há quase 20 anos, quando o pré-sal ainda estava nas planilhas dos técnicos da Petrobras, a Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba (UTGSUL), que terá a operação interrompida agora em julho, foi toda pensada para tratar o gás natural extraído dos campos do Litoral Sul do Espírito Santo, principalmente do Parque das Baleias. O pós-sal era o presente e o pré-sal um sonho. A questão é que o Parque das Baleias, 14 anos depois da inauguração da UTG, praticamente só produz gás do pré-sal, que precisa ser enviado para a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares, por causa da diferença das propriedades. O que ainda vinha do pós-sal vai parar de vir em julho e a operação vai ser interrompida.
Os mais atentos à nota da Petrobras sobre o tema devem ter reparado o uso da palavra "disponível". "A Petrobras informa que a Unidade de Processamento do Sul Capixaba (UTGSul) encontra-se atualmente disponível para processamento de gás e dentro da sua capacidade nominal de operação". A chave para a solução do nó, na visão de quem entende, passa justamente por colocar a estrutura - que custou R$ 900 milhões (R$ 1,9 bi a preço de hoje) e tem capacidade para tratar 2,5 milhões de m³ de gás por dia - à disposição de outras empresas, afinal, a Petrobras seguirá focada no pré-sal.
A BW Energy - dona de Golfinho, Camarupim, Camarupim Norte, Canapu e do bloco BM-ES-23 (Parque dos Doces) - tem uma interligação com a unidade de Cacimbas, porém, existem áreas com boas perspectivas de reservas de gás. Se confirmadas, a UTGSUL passa a ser uma alternativa. Até 2028, a BW perfurará dois poços no campo de Golfinho, o que mais que dobrará a produção do campo, hoje em 10 mil barris por dia, permitindo ainda a oferta de 1,5 milhão de m³/dia de gás natural. Além disso, o aumento exponencial da produção em terra, de óleo e gás, no Norte do Espírito Santo, pode trazer demanda para a unidade de Anchieta.
Por fim, entra em campo a transição energética, que seria uma alternativa um pouco mais à frente. Em setembro do ano passado, quando veio a Vitória, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que o hidrogênio, combustível que a companhia quer passar a produzir, utiliza a mesma infraestrutura do gás natural. "Estamos investindo forte em novas fronteiras de gás e a expectativa é de que a nossa produção aumente, ocupando a infraestrutura de gás e dutos disponíveis no Espírito Santo. Mas é importante dizer que o hidrogênio usa a mesma estrutura, é uma ótima opção para as unidades de tratamento do Estado", afirmou o executivo na oportunidade.
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