O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, e o vice, Ricardo Ferraço, estiveram, quinta-feira (02), na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, para uma reunião com o presidente da estatal, Jean Paul Prates. Entre outros assuntos, abordaram o chefe da petroleira sobre a venda de ativos. Na última terça (28), o Ministério de Minas e Energia pediu que a Petrobras segurasse as vendas ainda não sacramentadas de ativos por 90 dias. O período será utilizado para a análise de todos os processos em curso. Os capixabas querem que os campos negociados pela estatal no Norte do Estado sigam para seus novos donos.
A novidade pegou todo o mercado de surpresa, principalmente as 'junior oils' - petroleiras menores, privadas e focadas em explorar campos em terra (onshore). Essas empresas surgiram justamente a partir do plano de desinvestimento da Petrobras, iniciado em 2015. Por conta fundamentalmente delas, já que a estatal está com as atenções voltadas para o pré-sal, a produção de petróleo onshore no Brasil cresceu 30% entre 2016 e 2022. O que é pequeno para a gigante Petrobras (o mercado onshore responde por 6% da produção total do país) é bastante relevante para essas novas empresas e, principalmente, para os fornecedores locais, que têm enorme dificuldade para chegar na Petrobras.
"Fomos lá pedir para que o programa de desinvestimento não pare. Demos o nosso testemunho de como isso está sendo importante para o Norte do Estado e como pode melhorar a dinâmica da economia daquela região de Linhares e São Mateus", explicou Ricardo Ferraço. "As negociações estão em vários estágios, uns mais adiantados e outros menos. Queremos que os processos sejam mantidos. Jean Paul Prates se mostrou aberto ao nosso argumento e afirmou que tudo será analisado caso a caso, ainda não há qualquer definição. Disse que serão mantidos os processos que estiverem corretos e as empresas vencedoras forem capazes de assumir a empreitada. O governo do Espírito Santo seguirá atento".
O que mais preocupa o Palácio Anchieta é a situação do Polo Norte Capixaba - localizado em Linhares, Jaguaré e São Mateus - e que reúne os campos de Cancã, Fazenda Alegre, Fazenda São Rafael e Fazenda Santa Luzia. Eles são responsáveis por uma produção média de 6 mil barris/dia (a produção total diária onshore do Estado não passa de 10 mil barris). O polo foi arrematado, em fevereiro do ano passado, pela norueguesa Seacrest. Um negócio de US$ 544 milhões que estava na última etapa da transição entre as empresas. Diante da trava imposta pelo Ministério de Minas e Energia, tudo está em compasso de espera.
O ambiente, no mercado, é de muitas dúvidas e a esperança é de que as decisões técnicas prevaleçam.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.