A economia brasileira vem crescendo acima das expectativas do mercado desde 2021. Para 2024 elas já estiveram abaixo de 2,5% e, agora, beiram os 3%. Sem dúvida uma boa notícia, afinal, o país vem de uma década (2011 a 2020) de crescimento pífio. Mas, como tudo nessa vida é relativo, é importante expandirmos um pouco mais o olhar. O Produto Interno Bruto (PIB) mundial, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Mundial), deve avançar 3,2% este ano... O Brasil, que décadas atrás crescia a taxas acima dos 6% ao ano, hoje não consegue superar os 3%, ainda mais por anos em sequência.
Ok, a diferença em relação ao mundo nem é tão grande assim, mas, se olharmos de maneira um pouco mais profunda os dados brasileiros, veremos que o avanço da economia nacional vem sendo fortemente amparado pelo consumo - do governo e das famílias. Aos números: no acumulado dos últimos quatro trimestres, de acordo com o IBGE, o PIB avançou 2,5%, o consumo das famílias cresceu 3,7%, o do governo 2,4% e o investimento recuou 0,9%. Ou seja, a demanda vem forte, mas a oferta, sem formação bruta de capital, chega rapidamente ao limite. O PIB brasileiro, que vem de uma década muito ruim e que nem vem crescendo tanto assim (vide o dado do mundo), está quase no teto, há pouca capacidade ociosa a ser ocupada. É por isso que a inflação bate à porta e a taxa de juros, ao contrário do que todos esperávamos há um ano, já voltou a subir ((pouco mais de um ano depois de ter iniciado a trajetória de queda). Sem oferta nova, o Banco Central precisa deixar o dinheiro mais caro para travar a demanda.
Aqui, na visão da Federação das Indústrias do Espírito Santo, é que reside a armadilha do baixo crescimento. Ao subir juros para segurar a demanda, o Banco Central também encarece o crédito que vai (ou iria) para irrigar os investimentos. Assim, não saímos de um perverso ciclo vicioso.
"Investimento significa produtividade, expansão e crescimento sustentado. Mas para que isso aconteça é preciso ter uma ambiência econômica que traga confiança ao empresariado e permita manter a taxa de juros em níveis adequados para a tomada de crédito. Com juro alto teremos isso que estamos vivendo, economia no limite e inflação em alta. O Brasil está fazendo a reforma tributária, o que é muito bom, mas também deve olhar para a sua máquina administrativa, que é muito cara, pressiona demais a economia. Juro alto significa mais custos, mais dificuldades e menos competitividade, precisamos quebrar esse ciclo", assinalou Paulo Baraona, presidente da Findes.
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