Há muito tempo que qualidade deixou de ser o principal argumento para colocar um produto no mercado. Os consumidores, principalmente os de Estados Unidos, Europa e alguns dos maiores mercados da Ásia (Japão, por exemplo), querem saber da qualidade, claro, mas, principalmente, como aquele produto chegou até ali. Foi com desmatamento? Foi com trabalho análogo à escravidão? Usou que tipo de agrotóxico e em que quantidade? A empresa que produz (ou vende ou distribui) se relaciona de que maneira com a comunidade? Cumpre as leis? Esses são alguns dos muitos questionamentos feitos. Quem não se preocupar com eles cada vez mais estará se afastando do mercado (pelo menos dos principais).
Até 2025, entram em vigor regras mais duras para a venda de produtos alimentícios importados dentro da União Europeia. Nos Estados Unidos, o debate sobre um novo modelo de regulação está em andamento. Quem quiser estar dentro desses mercados terá de se preocupar com as perguntas do primeiro parágrafo. Se preocupar e mostrar que está cumprindo as novas regras (olho na rastreabilidade e na certificação).
Ciente do momento, o Grupo Tristão, com quase 90 anos de história e ocupando posições de destaque no beneficiamento e na exportação de café verde, está em um intenso trabalho de avanço das melhores práticas e na troca de informações com os compradores. A empresa capixaba aproveitou o Coffee Dinner & Summit, realizado há duas semanas, em São Paulo, pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) para se aproximar ainda mais dos importadores estrangeiros e reafirmar seus compromissos e investimentos na área.
“Investimos em sustentabilidade há décadas. Nosso prêmio, o Realcafé Reserva de Qualidade, por exemplo, tem a sustentabilidade como um dos itens de avaliação do concurso. O Grupo Tristão faz um trabalho com produtores capixabas que busca envolver a qualidade dos grãos com os benefícios ambientais. É muito bom ver que nossa preocupação de anos atrás agora torna o Estado competitivo e visto com bons olhos no mundo inteiro”, assinalou o superintendente do Grupo Tristão, Márcio Candido Ferreira, que é presidente do Cecafé.
Foram ao Coffee Dinner & Summit e depois vieram ao Espírito Santo, conhecer a realidade do produtor, figuras como Bill Murray, presidente da Associação da Indústria do Café dos Estados Unidos, Vanúsia Nogueira, presidente da Organização Internacional do Café, Hannelore Beerlandt, conselheira sobre café da Comissão Europeia, e Joseph Degreenia, adido para Agricultura lotado na Embaixada do Estados Unidos em Brasília.
O Prêmio Realcafé Reserva, lançado em 2006, foi um dos grandes alavancadores da qualidade e da sustentabilidade do café capixaba. O conjunto de boas práticas possibilitou um ganho enorme de faturamento e também nas margens dos produtores. O projeto foi apresentado aos estrangeiros. Além dele, os investimentos que estão sendo feitos na fábrica da Realcafé, em Viana. Só o sistema que permitirá a reutilização de 70% da água usada pela unidade, instalado no ano passado, custou R$ 5 milhões.
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