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Com expansão de carga de 1% ao ano, investimento em ferrovia preocupa governo e empresários do ES

A Agência Nacional de Transportes Terrestres realizou, nesta terça-feira (15), uma audiência pública, em Vitória, para debater a renovação da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA)

Publicado em 16/10/2024 às 03h50
Vports
Vports revitaliza estrutura ferroviária e de galpões no complexo portuário . Crédito: Carlos Alberto Silva

Os investimentos a serem realizados na Ferrovia Centro Atlântica, que liga o Espírito Santo ao Brasil Central, estiveram no alvo de grande parte das questões levantadas na audiência pública sobre a renovação antecipada da concessão da estrutura, realizada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), nesta terça-feira (15), em Vitória. A VLI Logística, atual responsável pela ferrovia que corta oito estados e tem mais de 7 mil quilômetros, quer mais 30 anos de contrato e propõe aportes que podem chegar aos R$ 30 bilhões.

Um número martela a cabeça dos capixabas. A VLI, em documento apresentado à ANTT, prevê uma expansão 46% no movimento de cargas pela Ferrovia Centro Atlântica entre 2026 (início da nova concessão) e 2056: das atuais 40 milhões de toneladas por ano para 58,9 milhões de toneladas por ano. Ou seja, um crescimento médio anual de apenas 1,3%. Na visão do governo do Estado e do setor produtivo, não é o suficiente para irrigar os portos que estão sendo construídos de Norte a Sul do Estado. A defesa é por mais aportes na malha - com ganhos de eficiência (traçado e terminais de captação) e ampliação (setores sugeriram a construção de uma extensão até o Porto do Açu, no Norte Rio de Janeiro).

"Definitivamente a proposta não prestigia os investimentos em portos que estão sendo feitos na costa do Espírito Santo. É aquela velha história do ovo e da galinha. O que vem primeiro? Entendemos que a ferrovia deve fazer investimentos para conseguir captar carga, não o contrário. Não vai acontecer, está provado. E mais, os investimentos precisam ir para a malha, não para material rodante. A proposta da VLI coloca 92% dos quase R$ 10 bilhões que virão para o Corredor Leste em material rodante (locomotivas e vagões). Não dá", disparou o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, que participou de toda a audiência.

Aaron Dalla, subsecretário de Transportes de Minas Gerais, esteve no evento e fez uma defesa semelhante. "A VLI está propondo a devolução de alguns trechos com baixa operação, defendemos que seja criado um mecanismo que possibilite investimentos relevantes na malha atual da FCA, que precisa melhorar e ganhar eficiência. O governo de Minas defende a ligação entre Anápolis (GO) e Pirapora (MG), região com grande expansão do agronegócio, que vai demandar no médio e longo prazos. É bom também para o Espírito Santo, o escoamento se daria pelos portos daqui. Sabemos do pedido capixaba pela variante da Serra do Tigre, topamos aprofundar o debate, o importante é captar mais cargas e dar mais eficiência ao transporte".

Hoje, trazer milho de caminhão do Centro-Oeste para as granjas da região serrana do Espírito Santo fica 30% mais barato do que usar o modal ferroviário. Foi justamente em cima deste tópico o posicionamento da superintendente da Federação dos Transportes do Espírito Santo, Simone Garcia. "Falta, na proposta, investimentos para a captação de cargas ao longo da ferrovia. Os terminais onde chegam os caminhões e saem os trens ficam muito longe um do outro, são apenas três no Corredor Centro Leste, isso encarece demais. A estrutura precisa de mais terminais intermodais ou terá dificuldades para competir com outras ferrovias e até mesmo com outros corredores da própria FCA".

Último a falar, Fábio Marchiori, CEO da VLI, disse que há muitas oportunidades de ganho de eficiência e que a proporção dos investimentos será equilibrada entre malha e material rodante. "A FCA é e sempre foi deficitária, por isso estamos fazendo um trabalho muito criterioso para focarmos nos trechos que têm potencial de carga. Importante lembrar que é uma ferrovia da primeira metade do século passado, pensada para outros tempos, é preciso requalificar. Há muitas oportunidades para ganhos importantes de eficiência. Queremos mais terminais e o investimento em vias permanentes não será de menos de 10% do total, haverá equilíbrio. Queremos mais competitividade, por isso precisamos de uma renovação em bons termos".

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