Por décadas, carros como Fiat Uno e VW Gol, os famosos "populares", tomaram conta do ranking dos carros mais vendidos do Brasil e também do Espírito Santo. O desemprego, a inflação e o avanço dos juros, além da forte alta nos preços dos automóveis provocada pela sacudida que a pandemia deu na cadeia mundial de insumos, mudaram radicalmente este cenário. Um zero quilômetro, hoje, parte de R$ 60 mil (e não são muitas as opções), assim sendo, na prática, deixaram de ser populares e passaram a ser chamados "de entrada". O público mais atingido pela crise é justamente o que consumia este tipo de produto. O resultado: vendas em queda.
Em contrapartida, o consumidor de mais alta renda consegue se defender com mais eficiência dos efeitos da crise, ou seja, o impacto no poder de consumo é menor. No acumulado de 2022, o carro mais vendido no Estado é o Hyundai Creta, que parte de R$ 106 mil. Entre os dez mais vendidos, apenas GM Onix, Onix Plus e Hyundai HB20 estão na classe dos antigos populares. De resto, só veículos que superam os R$ 100 mil com facilidade: Corolla, Corolla Cross, Tracker, Compass, Rengade e T-Cross.
"Nosso mercado, hoje, representa 60% do que éramos em 2018. Muito disso se deve à queda nas vendas dos carros mais em conta. O mesmo não se deu nos veículos premium, que até avançaram um pouco. Os populares já chegaram a responder por 70% das vendas, hoje, não passam de 40%. Os SUVs ganharam espaço, o mercado está se redesenhando", explica José Francisco Costa, executivo do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives).
O grupo Águia Branca, que possui concessionárias das mais diversas marcas, notou um avanço forte no tíquete médio dos veículos. Em 2019, o grupo vendeu algo próximo a 30 mil carros num preço médio de R$ 160 mil. Dois anos depois, foram 42 mil veículos a um preço médio de R$ 214 mil, expansão de 33,75%. Claro sinal de que o mercado de novos mudou bastante.
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