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"Conilon mudou de patamar", diz presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória

Para Fabrício Tristão, avanço das exportações vai muito além da quebra de safra no Vietnã e na Indonésia. Qualidade do produto e produtiva do café brasileiro vem crescendo

Publicado em 04/06/2024 às 03h50
Agronegócio 5.0: Fazenda Três Marias, em Linhares, aposta em tecnologia, como uso de sensores, além de integração floresta, lavoura de café, milho coco, frutas e milho e criação de gado. Negócio é administrado por Leticia Lindenberg
Plantação de café conilon em fazenda de Linhares, Norte do Estado. Crédito: Fernando Madeira

Para 2024, a expectativa dos exportadores é de que o café conilon chegue a 6,5 milhões de sacas vendidas para o exterior. Número expressivo, quase 40% acima do resultado já bom, 4,7 milhões de sacas, de 2023. Na visão do presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória, Fabrício Tristão, o conilon brasileiro mudou de patamar e só não vai vender mais porque não tem mais café, embora a produção venha crescendo. Tudo isso em um cenário em que o produto custava pouco mais de R$ 600 a saca, há um ano, e chegou a superar R$ 1 mil no decorrer de abril.

"Sem dúvida o conilon brasileiro mudou de patamar. Tem a crise climática de Indonésia e Vietnã (dois dos grandes produtores da espécie), tem o problema do frete pelo Canal de Suez (principal ligação marítima entre Ásia e Ocidente) e temos algumas questões comerciais no Vietnã. Tudo isso impactou e está impactando nos preços, mas existe um quarto elemento, que é a melhora da nossa qualidade, do café e produtiva, que também é muito relevante. O estrangeiro aumentou a quantidade de conilon brasileiro na mistura com o arábica, gostou da entrega, e não parece querer mexer", explicou Tristão.

O executivo, que, além de presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória, é diretor da Olam Foods Ingredients no Brasil, gigante de Singapura, destaca o trabalho de certificação feito no Brasil. "Antes de tudo isso que falamos, que acabou desaguando na explosão dos preços que estamos vendo, foi feito um importante trabalho de certificação e rastreabilidade. Não basta apenas dizer aos compradores que os padrões de sustentabilidade e qualidade estão sendo seguidos, eles querem rastrear e se certificar daquilo que está sendo dito. Hoje, isso é feito em grande volume no Brasil, atendendo a uma demanda crescente do comprador estrangeiro".

As mudanças são rápidas, fortes e têm grandes impactos no Brasil, segundo maior produtor mundial de conilon, e Espírito Santo, responsável por 70% da produção nacional (principalmente regiões Norte e Noroeste). Justamente por isso os debates sobre o conilon e, principalmente, sobre o futuro dele estão ganhando espaço nos fóruns do setor. A espécie teve destaque inédito no Seminário Internacional do Café de Santos, agora em maio, e deve seguir o mesmo caminho no II Vitória Coffee Summit, organizado pelo Centro do Comércio de Café de Vitória e que acontecerá nos dias 25 e 26 de setembro, na capital capixaba.   

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