A crise do aço por afetar o investimento que a ArcelorMittal ainda pretende anunciar para Tubarão em 2024. Por conta da falta de demanda na China, as siderúrgicas de lá, o maior parque produtor de aço do planeta, estão inundando o mercado mundial com aço a preços subsidiados. As importações brasileiras de aço chinês avançaram 90% nos últimos meses na comparação com o mesmo período do ano passado. Os impactos por aqui já se fazem sentir. A ArcelorMittal Tubarão reduziu a sua produção de placas em 15% e, se nada for feito, pode piorar. Claro, isso atrapalha as decisões de investimento
"Estamos em um cenário que coloca a produção brasileira como um todo sob pressão, o governo precisa estar atento para esse cenário. Já fizemos chegar a preocupação ao vice-presidente Geraldo Alckmin (ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e ao ministro (da Fazenda) Fernando Haddad. Hoje, o aço chinês paga uma alíquota de importação de pouco mais de 10% aqui no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos elas estão em 25%. Não se trata de uma competição em igualdade de condições", explicou Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos para a América Latina.
"Claro que todo esse cenário de redução de produção coloca um grau a mais de incerteza nas conversas, mas estamos olhando para o longo prazo, e, no longo prazo, confiamos na economia brasileira. Em princípio, a decisão de investimento em uma planta de laminador a frio em Tubarão será tomada e anunciada em 2024. Estou trabalhando para manter o planejamento, e acho possível, mas o cenário atual pode acabar jogando a definição para 2025", explicou o executivo.
A ArcelorMittal quer agregar valor ao seu negócio, por isso está investindo forte em galvanizados, laminados e em outras tecnologias voltadas para a produção de eletrodomésticos, linha automotiva, construção civil e geração de energia solar. A unidade de Vega do Sul, em Santa Catarina, responsável por boa parte da produção desses produtos de alto valor agregado, está no limite. Neste contexto, Tubarão é vista como a alternativa natural de expansão. Os acionistas já tomaram a decisão de que, daqui para frente, a planta de Vitória só receberá aportes voltados para produtos com mais tecnologia embarcada. A produção de placas de aço, berço da unidade, ficará onde está - 7,5 milhões de toneladas por ano.
A ArcelorMittal pretende tomar a decisão do que fará e do tamanho do aporte em Tubarão no ano que vem. A ideia original é ampliar o laminador de tiras a quente e instalar um laminador a frio. Só isso já demandaria um investimento de bilhões de dólares. A intenção é que as novas instalações estejam operando em 2027.
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