A crise deflagrada pelo presidente demitido da Caixa Pedro Guimarães, acusado por assédio moral e sexual, pega fogo em Brasília, mas a passagem dele pelo comando do banco estatal não passou despercebida no restante do país, inclusive no Espírito Santo. O que mais chamou a atenção das diversas pessoas que conversaram com a coluna, todas pediram para não terem o nome divulgado, foi o estilo explosivo e, digamos, pouco polido de Guimarães.
As agendas dele no Estado, a última foi em maio, eram uma surpresa inclusive para os servidores do comando da Caixa no Espírito Santo. As definições eram todas em Brasília e muitas vezes os gestores daqui nem eram chamados para os encontros, o que sempre causava bastante constrangimento. Na vinda de maio, Guimarães passou o final de semana rodando propriedades em municípios como Linhares, Venda Nova e Conceição da Barra. O resultado das reuniões? Os gestores locais até hoje não sabem dizer.
Por ser presença frequente ao lado de Bolsonaro, havia um peso político nas visitas, mas os membros da bancada federal que apoiam o governo federal não eram chamados para nada, o que provocava a ira deles. Os comentários feitos pelos políticos do Estado sobre Pedro Guimarães não são nada elogiosos.
O estilo pouco polido de Guimarães provocava constrangimentos em várias situações. Em 2019, primeiro ano dele à frente da Caixa, veio ao Estado para rodadas de conversas com empresários. Numa das reuniões, com funcionários do banco ao seu lado, disparou a seguinte pergunta: "Quero saber o seguinte de vocês (empresários), tem algum roubo aqui (referindo-se aos servidores do banco)?". A vergonha foi geral.
Um funcionário com décadas de Caixa no Estado conta que Pedro Guimarães gabava-se das mudanças feitas dentro do banco e afirmava que ninguém ali sairia para Curitiba (em alusão ao local onde o ex-presidente Lula ficou preso). A depender do andamento das investigações em cima das denúncias de assédio sexual e moral contra ele, pode ser que não consiga cumprir a promessa.
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