Responsabilidade fiscal do futuro governo Lula, as ótimas possibilidades abertas pela transição energética para o Brasil e a pauta ESG (Environmental, Social and Governance – em português, Ambiental, Social e Governança) tomaram conta dos debates e das rodas de conversa durante o Pedra Azul Summit, evento realizado neste final de semana pela Rede Gazeta.
Empresários, executivos e analistas estão preocupados com os rumos que o futuro governo Lula dará às contas públicas. Está dado que a miséria e a fome no Brasil precisam ser atacados com força e rapidez, ninguém discute isso, mas a forma com que o presidente eleito falou sobre a responsabilidade fiscal durante a semana, com um certo desdém até, trouxe desconfiança. Ainda mais em um cenário onde ainda reina a polarização política. O risco de inflação subindo (o que prejudica fundamentalmente os pobres) e juros em alta deixa o empresariado/investidor de cabelos em pé.
"Em que pese um momento internacional mais turbulento, os ventos, muito por conta das necessidades mundiais por mais comida e energia limpa, são favoráveis para o Brasil. Precisamos de passar confiança para o investidor e a variável que pesa neste momento é a fiscal", explicou a ex-secretária de Estado Fazenda e atual economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi.
O ex-governador Paulo Hartung, que hoje ocupa a cadeira de presidente do Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), fez um discurso bastante enfático. "Não tenho dúvida de que estamos em uma das melhores quadras da história do Brasil. O maior desafio do mundo é a emergência climática. Nós temos a maior floresta do mundo, matriz energética invejável, 12% da água doce disponível do planeta e podemos exportar energia limpa. Ou seja, estamos naturalmente bem posicionados para sermos protagonistas no mundo. Além disso, somos uma potência do agro em um planeta em que quase 1 bilhão de irmãos passam fome, e a população mundial segue crescendo. Estamos com a bola de frente para o gol e sem goleiro. É só não deixarmos a oportunidade passar tropeçando nas nossas próprias pernas, cometendo erros que já foram cometidos no passado. Não podemos admitir isso".
O governador Renato Casagrande, que dias antes de ir a Pedra Azul estava no Egito participando da conferência mundial do clima, está animado com a demanda por energia limpa. O governador foi muito procurado por investidores, principalmente europeus, interessados em colocar muitos bilhões de dólares em energia solar, eólica e, principalmente, hidrogênio verde. "Eles precisam de fazer a transição energética, têm metas para cumprir. O Brasil, e os estudos apontam para isso, é um dos melhores lugares do mundo para isso. O Espírito Santo é um dos melhores lugares do Brasil. O que precisamos é dar as condições necessárias para que os investimentos venham para cá".
Está bastante claro que o mundo precisa das potencialidades naturais brasileiras e que, dadas as condições básicas, vai investir forte por aqui. Segurança jurídica, segurança econômica/fiscal e infraestrutura decente (que nem precisa estar de pé agora) são algumas dessas condições básicas.
Estamos com a faca e o queijo nas mãos, tomara que não lembremos novamente de uma célebre frase de Roberto Campos, avô do atual presidente do Banco Central: "infelizmente o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades".
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