Na segunda-feira (22), o Espírito Santo entra numa nova era da tecnologia. O 5G vai começar a funcionar em Vitória. A expectativa é de que em um ano o serviço de altíssima velocidade já esteja disponível na Capital e nas principais cidades do Estado. Em mais cinco anos, com uma boa infraestrutura de fibra óptica (o 5G demanda muito tráfego de dados) e uma boa capilaridade de antenas, estaremos prontos para a era da internet das coisas e prontos para o metaverso.
A estimativa é de Cícero Olivieri, vice-presidente de Engenharia da V.tal, gigante brasileira da fibra óptica neutra (que pode atender várias operadoras em sua rede). "O 5G tem como um dos pilares a fibra, afinal, demanda uma alta capacidade de tráfego. Já estamos trabalhando com as operadoras para disponibilizarmos essa fibra". A expectativa dele é que a companhia (que em junho assumiu a rede de fibra que era da Oi) é invista R$ 30 bilhões em infraestrutura dedicada ao 5G até 2025.
As mudanças que começam a partir de segunda não serão pequenas. "O que nós vivemos nos últimos 30 anos, com disrupturas quase que diárias, foi algo impressionante. O 5G, com a internet das coisas e a baixa latência, tem potencial para trazer uma nova onda de disrupturas".
O 5G vai começar a funcionar em Vitória na segunda-feira (22), mas, por enquanto, em áreas mais centrais. Em quanto tempo teremos a nova tecnologia disponível de maneira massiva?
Acredito que vai ser rápido. Ao longo de um ano o 5G vai se consolidar em toda a Capital e nas principais cidades. As operadoras estão trabalhando e investindo, além disso, tem uma competição natural entre elas para se destacar nas áreas e mostrar liderança. O que pode demorar um pouco mais é a disponibilidade de aplicações sobre o 5G - internet das coisas e carros autônomos, por exemplo -, isso demanda um investimento maior em infraestrutura. O 5G, por conta da quantidade de dados, demanda muita fibra óptica.
Que infraestrutura nova é essa?
O 5G tem como um dos pilares a fibra, afinal, demanda uma alta capacidade de tráfego. Já estamos trabalhando com as operadoras para disponibilizarmos essa fibra. Para oferecer serviços diferenciados, aí entra uma segunda etapa, vai ter de crescer o número de antenas numa quantidade que se estima entre 10 e 15 vezes. Por isso que o prazo de implantação começa ser esticado, o trabalho não é pequeno. O segundo pilar é a baixa latência (atraso entre o momento que você aperta o botão e que a informação é recebida). Nos jogos online, por exemplo, se o jogador estiver longe do servidor, ou seja, com alta latência, ele não consegue ser competitivo. Em operações críticas, como medicina e carros autônomos, a latência precisa ser muito baixa, afinal, não pode ter demora entre ação e reação. Isso significa levar antenas para mais perto de computadores e demais equipamentos. Esta é uma demanda que vai se consolidar ao longo dos próximos dois ou três anos. Acredito que a utilização do 5G para missões mais críticas, caso da medicina, começará em dois ou três anos.
O senhor falou de antenas. O 5G vai mudar a paisagem das cidades? As antenas do 5G são gigantescas como as atuais?
Em vez de grandes torres com muitas antenas, começaremos a ter pequenas antenas em postes, pontos de ônibus, fachadas... As chamadas small cells (células pequenas), que têm cobertura local, onde você tem um grande volume de pessoas transitando. Esta capilarização vai demandar fibra óptica. Sobre a paisagem, o que tem de antena hoje vai continuar existindo, o que teremos a partir de agora é uma implantação massiva de small cells, que vai ser uma camada de rede no mobiliário urbano.
Cícero Olivieri
Executivo da V.tal
"O que pode demorar um pouco mais é a disponibilidade de aplicações sobre o 5G - internet das coisas e carros autônomos, por exemplo -, isso demanda um investimento maior em infraestrutura"
Por que aquelas grandes antenas vão precisar continuar existindo?
Porque precisamos continuar tendo uma cobertura ampla. O móvel pede isso. As grandes torres te dão esta cobertura ampla. As velocidades mais altas e baixa latência vão ser entregues, principalmente nas áreas com maior concentração de pessoas, pelas small cells. As grande antenas não dão conta. As pequenas antenas vêm para desafogar a cobertura mais ampla, mas o amplo não deixa de existir.
Qual é o volume de investimentos que tudo isso vai exigir?
É grande. Aqui na V.tal, para suportar a infraestrutura de banda larga e de móvel, faremos um investimento de mais de R$ 30 bilhões até 2025. A capilaridade que o 5G vai demandar exige um investimento considerável.
Como o 5G vai mudar as nossas vidas? Como estaremos em agosto de 2027?
O 5G tem três pilares. O primeiro que observaremos é a alta velocidade. Hoje, usar streaming (transmissão contínua) no celular consome muitos dados e é caro. Com o 5G teremos muito mais ofertas de volume de dados para acessar em alta velocidade. Vai ser a primeira melhora observada, o 5G tem uma velocidade média 100 vezes superior ao 4G. O segundo pilar é o que chamamos de massive machine type communication, que é a famosa internet das coisas. A tecnologia do 5G foi desenhada pensando num volume muito grande de aparelhos conectados na rede. A 3G e a 4G foi pensada para a comunicação de pessoas, a base é diferente. A internet das coisas vai trazer automação e conexão dos mais diversos aparelhos: geladeira, fogão, carro... Você começa a ter aparelhos trocando informações, gerando um mundo de aplicações novas que vão surgir desta abundância de conexões. Numa área de uma quadra teremos a capacidade de conectar mais de um milhão de aparelhos. Imagine o que é isso! Temos, hoje, uma infinidade de conexões que não existiam há cinco anos. Essa evolução vai ganhar ainda mais velocidade. O terceiro pilar, e mais disruptivo, é o que chamamos de ultra-reliable low-latency communication, que é a baixa latência de altíssima confiabilidade, que é onde chegamos ao carro autônomo, ao metaverso, enfim, às mais variadas experiências disruptivas. É uma experiência de tempo real sem risco de falhas de comunicação.
Estamos nos aproximando de mudanças bastante profundas...
O que nós vivemos nos últimos 30 anos, com disrupturas quase que diárias, foi algo impressionante. O 5G, com a internet das coisas e a baixa latência, tem potencial para trazer uma nova onda de disrupturas.
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