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Encolhimento da indústria é um problema de todo o Espírito Santo

De acordo com o Indicador de Atividade Econômica da Findes, o PIB do Espírito Santo fechou o ano passado 1% abaixo do que era em 2011. Queda da indústria impacta todo o ES

Publicado em 19/03/2023 às 03h50
Samarco
4º Usina de Pelotização da Samarco, em Anchieta. . Crédito: Carlos Alberto Silva

O encolhimento da indústria capixaba, embora não seja algo novo, esquentou o debate das últimas semanas. Nos últimos sete anos, a indústria do Espírito Santo encolheu em seis (-9,7% no ano passado). O segmento extrativo (petróleo, gás e pelotização basicamente) está puxando a queda: nos últimos sete anos, sete retrações (-25,4% só no ano passado).

Em 2013, foram produzidos 113,4 milhões de barris de petróleo no Estado, no ano passado, foram 50,3 milhões. No mesmo 2013, foram fabricadas 42,7 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro, em 2022, 14,8 milhões de toneladas. Por motivos diferentes - a Petrobras por conta de uma escolha empresarial de investir forte na exploração do pré-sal, Vale e Samarco foram obrigadas a pisar no freio por causa das tragédias de Brumadinho e Mariana - o fato é que, por nossa concentração produtiva, apenas três acontecimentos provocaram grandes estragos. E a pancada não foi só na indústria.

De acordo com o Indicador de Atividade Econômica da Findes, o Produto Interno Bruto do Espírito Santo fechou o ano passado 1% abaixo do que era em 2011. Ou seja, nossa economia encolheu 1% em onze anos. E o Brasil? Apesar de tudo, está 8% acima de 2011. Algo diferente aconteceu em terras capixabas. O resultado do PIB do ano passado resume o cenário. O Estado cresceu, de acordo com os números da Findes, 1% em 2022. A agropecuária avançou 7,1%, os serviços cresceram 5%, mas a indústria despencou 9,7%.

O mesmo Indicador de Atividade Econômica da Findes vai além e analisa dois pontos para lá de relevantes em se tratando de desenvolvimento, crescimento econômico e bem-estar social no longo prazo: produtividade do trabalho e PIB per capita (distribuição do PIB por habitante). Na comparação com 2014, o encolhimento da produtividade do trabalhador capixaba é de 10,7%. A explicação é a seguinte: a quantidade de pessoas ocupadas ficou acima do crescimento da atividade econômica. Nosso PIB per capita, que em 2012 era de R$ 42,4 mil, fechou 2022 em R$ 36,8 mil. O do Brasil, que era de R$ 40,2 mil, em 2012, está em R$ 38,4 mil. O crescimento econômico não acompanhou o avanço da população no Estado e no Brasil, mas a curva daqui é pior.

Um bom observador dirá que os últimos dez anos foram péssimos para a economia brasileira, por uma série de fatores, e que situações muito extraordinárias, casos das barragens de Brumadinho e Mariana, pegaram em cheio o Espírito Santo. Este observador, otimista, também dirá que a Samarco já tem um plano de retomada de produção em Anchieta (que só chegará aos 100% em 2030, é verdade) e que a Vale, já em 2023, com a inauguração das unidades de briquete verde (no lugar das pelotizadoras 1 e 2), voltará à trajetória de crescimento. Por fim, dirá que, em 2024, chegará a FPSO Maria Quitéria, da Petrobras, com capacidade para 100 mil barris de óleo/dia e 5 milhões de m³ de gás/dia. Não recupera o que a Petrobras já produziu por aqui, mas é um alento.  

É verdade, mas, mantida a estrutura atual, seguiremos produtivamente concentrados. Portanto, é fundamental focar a diversificação (mesmo que o trabalho seja de formiguinha), em agregar valor e nas novas oportunidades. "Precisamos de um esforço para diversificar a nossa economia e para agregar valor à nossa produção. Um esforço para conectar o que nos trouxe até aqui a esse novo momento", assinalou o vice-governador, Ricardo Ferraço, em evento organizado pelo ES em Ação.

Cris Samorini, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, vai na mesma linha. "Precisamos trabalhar na diversificação da matriz industrial. Que bom que temos grandes e ótimas indústrias aqui dentro! Isso nos trouxe, nos traz e nos trará grandes oportunidades, mas precisamos criar alternativas, mesmo sabendo que não haverá virada rápida, afinal, o peso das grandes (ArcelorMittal, Vale, Petrobras, Suzano e Samarco) é enorme aqui no Estado. Precisamos qualificar nossa infraestrutura, em todas as frentes, e estar de olho nas novas oportunidades que estão surgindo. A transição energética é uma delas. É uma porta que se abre para nós. É muito esforço, não tem solução fácil".

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