A Louis Dreyfus Company (LDC), gigante global no comércio e processamento de produtos agrícolas, anunciou, nesta terça-feira (26), a compra da paranaense Companhia Cacique de Café Solúvel. O negócio terá importantes impactos aqui no Espírito Santo. Desde 2021, a Cacique possui uma fábrica em Linhares com capacidade para produzir 12 mil toneladas de café solúvel por ano. A coluna conversou com quem entende do assunto e, na visão deles, a notícia é boa para o Estado.
A expectativa é de que o movimento acelere a agroindustrialização do Espírito Santo. A Cacique, que é relevante no cenário brasileiro, faturou, no ano passado, R$ 1,23 bilhão. A Dreyfus, por sua vez, fechou o ano passado com US$ 50,6 bilhões (R$ 250 bi) em receitas. Ou seja, entra no cenário do Estado um ator com poder de fogo muito maior. Aliás, no comunicado que informa a aquisição, Michael Gelchie, CEO da LDC, afirma que "este desenvolvimento está alinhado com a estratégia da LDC de diversificar os fluxos de receita por meio de linhas de produtos de valor agregado – neste caso, acelerando a expansão dos negócios de café solúvel da LDC".
"Vai ser extremamente importante para a consolidação do arranjo da cadeia produtiva do café conilon, que é a matéria-prima base do solúvel. Aliás, diante do que está acontecendo, o Estado deve antecipar a meta estabelecida dentro do Pedeag (Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba) de colocar o Espírito Santo, até 2032, como o maior polo exportador de solúvel do Brasil. Essa aquisição, pelo porte da empresa, vai acelerar este processo, vamos avançar muito mais na consolidação do Estado", ponderou o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.
Na mesma linha vai Márcio Cândido Ferreira, presidente do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) e ex-presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória. "A Louis Dreyfus conhece muito bem o Espírito Santo, sabe bem onde está fazendo o seu investimento. Eles são os maiores operadores de conilon no Espírito Santo, com uma estrutura gigantesca de armazenagem no Estado, para mais de 1 milhão de sacas. A aquisição da Cacique casa com a operação deles que já está aqui há décadas, com o objetivo de agregar valor e com a plataforma logística do Estado. Boa parte do solúvel vai para exportação e Aracruz (que está se transformando em um hub portuário) fica ao lado de Linhares. É uma aquisição que abre ótimas perspectivas para o Estado, ainda mais em um cenário de Europa fechando o cerco em cima de produtos que não estão dentro dos padrões de sustentabilidade".
A unidade da Cacique, que agora é da Louis Dreyfus Company, fica bem perto da fábrica de solúvel da Olam, de Singapura, outra gigante do setor. A planta dos asiáticos já está funcionando, mas ainda não na plena capacidade. A inauguração ainda não foi marcada, mas não deve demorar.
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