Morreu nesta quinta-feira (23), no Rio de Janeiro, com quase 100 anos (completaria em 1º de outubro), o cachoeirense Ernane Galvêas. Ocupou, entre outros importantes postos, as cadeiras de ministro da Fazenda e de presidente do Banco Central. Quase foi indicado governador (tempos de ditadura militar) do Estado pelo general Emílio Médici, em 1970, que acabou optando por Arthur Carlos Gerhardt Santos, um grande amigo de Galveas. Durante todo o tempo em que ocupou altos cargos na administração federal, destacadamente entre os anos 60 e 80, atuou de maneira contundente para empurrar o PIB do Espírito Santo.
Nos anos 60, a economia capixaba foi duramente castigada pela erradicação dos cafezais - política adotada pelo governo federal com o objetivo de reduzir a produção e melhorar a qualidade do café brasileiro. A cultura respondia por 40% do PIB estadual de então. A economia do Estado precisava de uma alternativa, foi aí que surgiram os grandes projetos industriais.
Alguns investimentos faziam total sentido, por conta da posição geográfica do Estado - caso dos aportes da Vale em Tubarão para escoar sua produção em Minas Gerais. Portanto, não eram alvo de tanta cobiça por parte de Estados mais fortes politicamente. Outros, caso destacado da antiga Aracruz Celulose (atualmente Suzano) e também da antiga Companhia Siderúrgica de Tubarão (hoje ArcelorMittal), precisaram de um forte trabalho de bastidor em Brasília e Rio de Janeiro. Aí entra a figura de Ernane Galvêas.
No final dos ano 60, o governo federal criou instrumentos importantes para a atração de investimentos para o Espírito Santo, Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias) e Funres (Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo) entre eles. Mas as decisões finais, num momento de forte industrialização do país irrigado a muito crédito público, tinham muita influência da força política. "No caso da CST, houve uma enorme disputa com a indústria paulista para que a siderúrgica fosse lá e não no Espírito Santo", lembra Arthur Carlos em seu livro "O Construtor de Futuros".
Em várias oportunidades o ex-governador deu crédito ao sucesso da empreitada a dois capixabas com influência no governo federal: Ernane Galvêas e Marcos Vianna. "Foi um período de desenvolvimento muito grande. Por coincidência tinham dois capixabas de importância no governo federal: Ernane Galvêas, presidente do Banco Central, e Marcos Vianna, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (o S, de social, veio depois). Os dois meus amigos. Não tive dificuldades em atrair investimentos para o Estado", afirmou doutor Arthur em entrevista concedida ao jornal A Gazeta em março de 2014.
Pouco lembrado e falado hoje no Estado, certamente Ernane Galvêas aparecerá com mais destaque nos livros de história.
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