O Espírito Santo, terceiro maior produtor de petróleo do Brasil, praticamente não foi citado nas 128 páginas do Plano de Negócios Petrobras 2025-2029, divulgado nesta sexta-feira (22) pela companhia. Serão US$ 111 bilhões (R$ 643 bilhões) nos próximos cinco anos. Não há perspectiva de novas plataformas para a produção de óleo e gás (foi citada a entrada em operação de Maria Quitéria, agora em outubro, no Sul do Estado) ou de investimentos no polo gás-químico de Linhares (muito embora a estatal tenha destacado a volta dos aportes em fertilizantes, por exemplo). Entretanto, há informações importantes, que merecem a nossa atenção, principalmente olhando para o longo prazo.
A partir de 2027 a estatal prevê começar a fazer os investimentos nos projetos de CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage, em inglês), técnica que permite a estocagem de gases que provocam o efeito estufa em campos de óleo e gás já utilizados (das chaminés das indústrias direto, via gasodutos, para os reservatórios adequados). A Petrobras estuda implantar, no Espírito Santo e Rio de Janeiro, os primeiros hubs de captura de carbono. Embora ainda não tenham sido divulgados, os investimentos em tecnologia e infraestrutura serão relevantes, inclusive com remodelação da Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba (UTG Sul). Ociosa há anos e fechada desde meados de 2024, a estrutura de Anchieta terá papel relevante no CCUS.
Além disso, uma das plataformas em operação no Campo de Jubarte, no pré-sal do Sul do Estado, ainda não está clara qual, será reformada. Aliás, o aumento de eficiência da Bacia de Campos (parte do mar do Espírito Santo está nela), em operação há quase 50 anos, é tratada como prioridade pela Petrobras. Boa parte dos US$ 23 bilhões (R$ 133 bilhões) que serão aportados na Bacia de Campos pelos próximos cinco anos irão para a extensão da produção em sistemas já existentes.
Por fim, olhando lá para 2050, a Petrobras prevê que os combustíveis renováveis responderão por 39% da produção até meados do século, enquanto o petróleo ficará com 20%. Hoje, o petróleo tem 29% e as renováveis 16%. Portanto, haverá um investimento poderoso em eólica offshore e hidrogênio verde nas próximas duas décadas. O Espírito Santo tem potencial e projetos importantes (inclusive da Petrobras) nas duas áreas.
Fica claro, pelo menos para a Petrobras, que a descarbonização é o caminho a ser trilhado pela indústria da energia do Espírito Santo.
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