Os membros da comitiva representando países e entidades da União Europeia, que passaram o final de semana visitando lavouras de café e cacau no Espírito Santo, saíram daqui bem satisfeitos com o que viram em campo. Eles fazem parte de serviços de regulação que irão fiscalizar se os fornecedores de alimentos para a Europa, um dos maiores consumidores do mundo, ao lado de Estados Unidos e China, cumprirão as regras ambientais e de governança que passam a valer em 2026, dentro do Pacto Ecológico Europeu.
"Visito vários países do mundo nessa função que ocupo, e vi aqui um trabalho muito bom, que está no caminho certo. O Espírito Santo se apresenta como um exemplo para o Brasil e também para outros países", disse Bart De Sutter, que veio representando o Serviço Federal de Saúde, Segurança Alimentar e Meio Ambiente da Bélgica, em uma recepção, nesta segunda-feira (09), no Palácio Anchieta.
"Cada país tem autoridade competente para aplicação das regras. Conhecer os países fornecedores e a produção de perto é fundamental para conectarmos as expectativas e vencermos as barreiras. Por isso estamos aqui, vimos um trabalho fantástico, com alto nível de compromisso de sustentabilidade em toda a cadeia. O regulamento europeu é um desafio, mas não é impossível de alcançar, saímos daqui com muitas lições aprendidas", afirmou o italiano Andrea Monaco, executivo do AL Invest Verde, programa criado pela União Europeia para fomentar projetos ambientalmente sustentáveis. Os europeus querem cortar emissões de carbono, mas não querem correr o risco de desabastecimento.
A União Europeia aprovou, no final da década passada, o Green Deal, o Pacto Ecológico Europeu, que tem o objetivo de alcançar a neutralidade de emissão de carbono até 2050. O pacto, que é bastante amplo, passa, por exemplo, por proibir produtos que sejam originados de áreas de desmatamento e o uso de alguns defensivos agrícolas. A lei europeia que veta a importação de produtos que promovam o desmatamento nos seus países de origem começa a valer em 30 de dezembro de 2025 para os seguintes produtos: carne, café, cacau, produtos florestais (que inclui papel, celulose e madeira), soja, e borracha.
"É muito importante a vinda deles para cá. São as pessoas que irão, a partir das plataformas disponibilizadas pela União Europeia, verificar se as condições estabelecidas pelo Pacto Ecológico Europeu estarão ou não sendo cumpridas. Uma visita em campo faz toda a diferença, compreendem muito melhor a realidade. Tem o trabalho de cumprir as regras, de certificar e rastrear, não é pouca coisa, mas estamos no caminho certo. Viram, no Norte e Noroeste, por exemplo, que as lavouras de café e cacau, muitas com práticas regenerativas, estão crescendo em cima de áreas já abertas anteriormente, ou seja, não estão em cima de áreas desmatadas. Entendem melhor o impacto da cadeia", explicou Michel Tesch, subsecretário de Estado da Agricultura, responsável por acompanhar os europeus na visita ao Estado, que terminou nesta segunda-feira.
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