Bastidores e informações exclusivas e relevantes sobre os negócios e a economia do Espírito Santo

Fuga de investimentos: alerta feito pela Prio precisa ser ouvido

A companhia de óleo e gás, que enfrenta lentidão para conseguir licenças para operar um campo do pré-sal no extremo Sul do Espírito Santo, vai passar a buscar oportunidades fora do Brasil

Publicado em 14/10/2024 às 03h50
FPSO Frade, que vai ser conectada ao óleo retirado em Wahoo
FPSO Frade, que vai ser conectada ao óleo retirado em Wahoo. Crédito: Divulgação/PRIO

Há cerca de dois anos, a Prio, uma das maiores petroleiras do Brasil, entrou com um pedido de licenciamento junto ao Ibama para operar o campo de Wahoo, extremo Sul do mar capixaba, no pré-sal da Bacia de Campos. Mais de 700 dias depois, nenhuma resposta sobre a solicitação. Em entrevista à coluna, o diretor de Operações da companhia, Francilmar Fernandes, deu uma declaração dura e preocupante, que, por óbvio, merece atenção.

"Wahoo está garantido, não vai ficar para depois, mas como ficará daqui para frente? Já estamos buscando oportunidades fora do Brasil, principalmente no Golfo do México, Estados Unidos. Não faz o menor sentido esperar dois anos por um licenciamento, isso estrangula qualquer processo".

A Prio é a maior das petroleiras independentes do Brasil, segmento da indústria de óleo e gás que vêm ganhando muita força no país nos últimos anos, principalmente depois que a Petrobras resolveu vender alguns de seus campos. Os investimentos tocados por elas movimentam bilhões de reais e empregam milhares de pessoas dos mais diversos setores da economia. O projeto de Wahoo, que pode render 40 mil barris de óleo por dia, vai sair por R$ 4,5 bilhões. A Prio já colocou mais de R$ 1 bi ali (aliás, é o principal motivo da manutenção do projeto).

Indiretamente a coisa vai além: a italiana Prysmian, que tem uma unidade fabril em Vila Velha, investiu R$ 80 milhões na planta canela-verde para conseguir fazer os longos cabos conectores, de quase 30 quilômetros, que o projeto exige.

A questão não é aprovação de projetos a qualquer custo, o ponto é a celeridade em dar respostas, positivas ou negativas. Como disse o executivo da Prio, não faz sentido esperar dois anos por um licenciamento. O resultado da total ineficiência está aí: a empresa, que hoje opera 100% no Brasil (são quase 100 mil barris de óleo por dia), vai passar a buscar alternativas fora do país. E o Brasil, que há décadas não consegue manter um ritmo forte de expansão econômica de maneira sustentada principalmente porque os níveis de investimentos são baixos (sobra burocracia e falta confiança), faz de tudo para continuar patinando. O caso Prio está aí para comprovar...

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.