O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, anunciou, na quinta-feira (14), o lançamento de mais uma linha de investimentos com recursos do Fundo Soberano do Estado. Serão R$ 500 milhões para projetos de descarbonização, ou seja, em investimentos que ajudem na redução do uso de combustíveis fósseis (carvão e petróleo, por exemplo) e ampliem a participação da energia renovável (solar, eólica e biometano, por exemplo). O fundo de descarbonização e transição energética lançado pelo governador capixaba na Conferência do Clima, no Azerbaijão, pode chegar a R$ 1 bilhão, já que o Bandes (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo) vai buscar fazer uma parceria junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A ideia, sem dúvida, é das melhores. O governo está usando dinheiro oriundo da exploração de recursos fósseis (o Fundo Soberano é abastecido com parte do dinheiro que o Estado recebe em royalties e participações especiais, já são quase R$ 1,8 bi em caixa) para investir na limpeza da matriz. O ponto, agora, é montar um esqueleto regulatório bem assertivo para a empreitada, que possibilite a chegada dos recursos no que de fato seja transformador nessa indústria que vai crescer muito nos próximos anos: a da energia limpa. O Brasil tem todos os atributos para ajudar o mundo a limpar a sua matriz energética e, dentro do Brasil, o Espírito Santo está bem posicionado. A injeção deste recurso, portanto, passa a ser um diferencial capixaba aqui dentro.
Quem entende do assunto afirma que o governo do Estado precisa evitar que o dinheiro se espalhe por diversas iniciativas que não sejam estruturantes. Na visão deles é uma oportunidade de ouro para que o Espírito Santo apoie e traga projetos que irão sustentar uma cadeia enorme e que vai crescer muito, uma espécie de indústria de base da energia limpa.
Por exemplo: a produção de energia eólica no mar - muito embora ainda nem tenha sido regulamentada, já há projetos bilionários para o Sul do Estado em espera - depende de gigantescas estruturas de aço e motores elétricos para operar. O Espírito Santo, que abriga indústrias como WEG e Brametal, tem tudo para ser um importante fornecedor da área.
Outro segmento que merece atenção e que depende de muito dinheiro para sair do papel é o CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage, em inglês), técnica que permite a estocagem de gases que provocam o efeito estufa em campos de óleo e gás já utilizados. A Petrobras anunciou, há alguns meses, que vai tocar isso no Espírito Santo. ES Gás, distribuidora de gás do Estado, e petroleiras independentes com atuação no Norte capixaba também estão tocando o seu plano de CCUS.
São apenas dois exemplos, mas a janela de oportunidades é enorme. Portanto, um programa bem direcionado e com o objetivo de ser transformador é fundamental. O Plano de Descarbonização do Espírito Santo pode ser uma bússola.
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