A importação de carros pelo Espírito Santo, um dos negócios que mais tem movimentado o comércio internacional capixaba nos últimos anos - foram quase US$ 2 bilhões (R$ 9,78 bi) em 2023 -, corre o risco de travar, agora em janeiro, por falta de espaço para armazenagem. Os três portos secos da Rodovia do Contorno - um do TERCA Zilli e dois da GDL Logística - estão próximos do limite da capacidade e, se a Receita Federal não deliberar o quanto antes sobre os pedidos de ampliação das áreas alfandegadas (exclusivas para mercadorias importadas ou que serão exportadas), não haverá espaço para a estocagem de novos veículos.
A demanda, que já vem em alta, deve ser ampliada nos primeiros meses de 2024, afinal, o governo federal anunciou a volta progressiva da cobrança de imposto de importação sobre carros elétricos, daí o gargalo. Só em janeiro, a previsão da Associação dos Portos Secos do Espírito Santo é de que 15 mil veículos irão entrar pelo Estado. O Espírito Santo responde por 32% dos carros que entram no Brasil, a maior operação do Brasil. Sem espaço para armazenagem, abrirá a porta para a concorrência de outros Estados. Os três portos secos em operação na Grande Vitória possuem cerca de 1,5 milhão de m² de área alfandegada.
"Estamos muito próximos do limite. O Estado precisa de mais áreas alfandegadas para dar conta dessa demanda enorme que virá. Há negociações junto à Receita Federal, que é o mais relevante, e ajustes operacionais em curso, mas sem a ampliação da área alfandegada, que é exclusiva para as operações internacionais, não haverá área suficiente. A importação de carros pelo Estado, que é um grande negócio, acabará comprometida", explicou Luciana Mattar, advogada da Associação dos Portos Secos do Espírito Santo. "Estamos pedindo uma ampliação temporária, que é algo corriqueiro dentro do comércio internacional. A questão é que, desde setembro, os processos de alfandegamento foram todos para o Rio de Janeiro e estão completamente parados".
Preocupados com a situação, Vports, concessionária responsável pelo Porto de Vitória, e Sindiex (Sindicato do Comércio Importador e Exportador), enviaram uma carta reclamando da situação para o governador Renato Casagrande, para o vice Ricardo Ferraço, para o presidente da Assembleia Legislativa Marcelo Santos e para a bancada federal do Espírito Santo. O objetivo é fazer com que o problema chegue a Brasília, à mesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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