A novela que virou a sucessão de Eduardo Bartolomeo no comando da Vale definitivamente não se trata apenas de um debate de cúpula. Aliás, muito pelo contrário. Pelo menos dois temas para lá de relevantes - social e economicamente - para o Espírito Santo estão travados por causa da indefinição que tomou conta do Conselho de Administração de uma das maiores mineradoras do mundo: o acordo referente à tragédia da Samarco (Vale e BHP são as donas) e a construção do primeiro trecho da Ferrovia Vitória-Rio.
Fontes de dentro do governo do Estado que tratam dos temas afirmam que os dois assuntos só voltarão a caminhar depois que o nó da presidência da Vale estiver desatado. Importante lembrar que parte do dinheiro da indenização da Samarco que irá para os cofres dos governos de Espírito Santo e Minas Gerais será destinado para a ampliação e modernização da BR 262. "A princípio, o acordo sairia no começo de 2023. Depois, acabou indo para meados do ano, agora, o melhor é não criarmos expectativas. O fato é que o assunto já foi muito discutido e precisamos de uma definição, principalmente da Vale, para que a indenização seja fechada e paga. Esta indefinição lá no conselho da Vale só atrasa um processo que já vem se arrastando há muito tempo", pondera um membro do governo estadual.
Sobre a ferrovia, a situação é a seguinte. O governo federal está questionando os retornos assumidos pela mineradora (entre outorgas e promessas de investimentos) por ocasião das renovações antecipadas das concessões das ferrovias Vitória-Minas e Carajás, fechadas no final de 2020. Na visão do governo Lula, ficou barato. O ministro dos Transportes, Renan Filho, quer incluir, entre outras coisas, a construção do ramal da Vitória-Minas até Ubu, o primeiro trecho da via que irá até o Rio de Janeiro, no novo pacote de obras que a Vale assumiria por conta das renovações antecipadas. "De novo: a questão está colocada, mas a indefinição sobre a presidência atrapalha o desenrolar das coisas. Vamos aguardar", disse o membro do governo.
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