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Indústria do ES agrega valor e consolida um novo ciclo de desenvolvimento

Anúncio da ArcelorMittal de que passará a produzir lâminas de aço acabadas em Tubarão confirma movimento de verticalização em um Estado historicamente produtor de commodities

Publicado em 08/02/2025 às 03h50
O Attivi integral começou a ser produzido na fábrica da Marcopolo em São Mateus em 2024
O Attivi integral começou a ser produzido na fábrica da Marcopolo em São Mateus, em 2024. Crédito: Marcopolo/Divulgação

O anúncio da ArcelorMittal de que fará um investimento de R$ 3,8 bilhões na unidade do Espírito Santo para implantar um laminador de tiras a frio (LTF) e uma linha de revestimento contínuo é mais um passo dado na consolidação da indústria capixaba como um complexo verticalizado e de alto valor agregado. A história da ArcelorMittal Tubarão (antiga Companhia Siderúrgica de Tubarão) é um resumo interessante do que vem acontecendo em um Estado historicamente produtor e fornecedor de commodities (produtos básicos).

Inaugurada em 1983, a usina produzia apenas placas de aço (já era um avanço, afinal, antes éramos passagem do minério de ferro da Vale vindo de Minas Gerais e produtores de pelotas de minério). Nos anos 2000, a companhia passou a laminar a quente as placas de aço. Agora, com o investimento que deve ser inaugurado em 2029, transformará as bobinas laminadas a quente em tiras de aço de alto valor agregado, prontas para serem usadas por indústrias como a automotiva, de eletrodomésticos, construção civil e por geradoras de energia.  

O movimento feito pela ArcelorMittal, que já disse não pretender mais ampliar a produção de placas em Tubarão, não é isolado e vem se consolidando, principalmente ao longo da última década, pelas cadeias de produção do Espírito Santo. É um novo ciclo de desenvolvimento, diferente (uma evolução em determinados casos) dos grandes projetos industriais, que se consolidaram entre as décadas de 60 e 80. Em todos os casos a produção capixaba era focada em produtos básicos (celulose, pelotas de minério de ferro e placas de aço). O modelo foi reforçado com a chegada da indústria do petróleo, já na primeira década dos anos 2000. O que vem acontecendo nos últimos anos é bem diferente.

A estratégia da Suzano, antiga Aracruz Celulose, é um exemplo. Desde os anos 70 que o Espírito Santo está entre os maiores produtores mundiais de celulose, matéria-prima da indústria do papel. Nos últimos anos, a companhia vem aportando um bom dinheiro em usinas de papel. No começo da década, inaugurou uma unidade conversora em Cachoeiro de Itapemirim e, agora, está colocando de pé uma fábrica de papéis tissue (lenços umedecidos, papel higiênico e guardanapos, por exemplo), investimento de R$ 650 milhões, em Aracruz, bem ao lado das usinas de celulose. O Espírito Santo, no primeiro semestre do ano que vem, estará produzindo 90 mil toneladas por ano de tissue, produto também de alto valor agregado.

No café, a produção capixaba de produto cru foi iniciada no século XIX, outra mudança substancial. Linhares, de alguns anos para cá, tornou-se um dos maiores polos mundiais de fabricação de café solúvel, que é o mais consumido do mundo. Nos primeiros meses de 2025, a Olam, de Singapura, inaugura por lá uma das maiores plantas do planeta. Uma outra de grande porte, construída pela Cacique e comprada, no ano passado, pela gigante francesa Louis Dreyfous, opera desde 2021. No ano passado, o Espírito Santo exportou 571 mil sacas de solúvel, já bem próximo das 754 mil do arábica verde. Com a entrada da Olam, este número vai saltar.

A verticalização da indústria capixaba passa ainda pelos novos entrantes. O setor automotivo, por exemplo. Inaugurada em 2014, a Marcopolo, em São Mateus, começou a produzir ônibus elétricos, na unidade capixaba, no final de 2024. Outra que merece destaque é a gigantesca WEG, empresa catarinense que opera em Linhares desde o começo da década passada e que vem expandindo-se com muita força em setores como o de automação industrial e de energia renovável. A planta capixaba tem mais de 3 mil funcionários, produz mais de 10 milhões de motores elétricos (para a indústria de eletrodomésticos) por ano e novos investimentos são aguardados por aqui.

Claro que ainda há muito por fazer, não só aqui, mas no Brasil como um todo, mas passos relevantes (e para frente) foram e vêm sendo dados nos últimos anos.

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