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"Inflação alta compromete o projeto político do Lula", alerta Casagrande

O governador do Espírito Santo, que é um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirma que o governo errou ao incluir isenção de IR no anúncio do pacote fiscal: "gerou crise de confiança"

Publicado em 04/12/2024 às 17h37
Presidente Lula inaugura o Contorno do Mestre Álvaro
Presidente Lula e o governador Renato Casagrande na inauguração do Contorno do Mestre Álvaro. Crédito: Fernando Madeira

Muito embora seja um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), não deixa de criticar quando perguntado sobre a situação da economia brasileira. "A fotografia é boa, mas o filme pode não ser tão bom assim". O governador quer dizer o seguinte: o crescimento da economia vem surpreendendoo desemprego está nas mínimas históricas e a pobreza encolheu muito, ótimas notícias, sem dúvida, mas o lado fiscal pesa e as perspectivas, justamente por isso, não são tão interessantes assim.

"Temos dados bastante positivos de crescimento do PIB e de queda no desemprego e na pobreza, em contrapartida, por causa da desconfiança em cima das contas públicas, temos um dólar em disparada, inflação subindo e juros também. Portanto, o cenário para frente não se mostra muito bom, e essa desconfiança toda pode contaminar a economia real. O presidente Lula tem uma base popular muito grande, inflação e juro alto corroem o poder de compra, e, isso acontecendo, compromete o projeto político do presidente para 2026, claro, se ele quiser disputar a reeleição. O ano de 2025 precisa ser para organizar e estancar a crise de confiança que está colocada".

Na visão de Casagrande, o governo federal falhou na comunicação do pacote fiscal. "É um claro problema de comunicação. Misturaram assuntos completamente distintos e contraditórios (contenção de despesas e ampliação da isenção do Imposto de Renda) em um mesmo anúncio. Havia uma expectativa grande sobre o que seria anunciado para segurar o avanço da dívida pública, que até foi feito, podemos discutir a amplitude, mas foi feito. Mas aí vem junto a questão do Imposto de Renda, um enorme sinal trocado, que provocou tudo isso que estamos vendo nos últimos dias. Os cortes ficaram em segundo plano e a crise de desconfiança se instalou, com disparada do dólar, dos juros e queda da bolsa".

Tem saída? Renato Casagrande acredita que sim, mas que o governo terá de fazer um grande esforço. "Na minha visão, olhando apenas para o que foi anunciado de contenção, ficou aquém, menor do que deveria. Mas, sem a história do IR, seria uma demonstração de esforço. Importante frisar que o Brasil vem de anos de desequilíbrios, não é simples acertar. O ano de 2025 precisa ser para organizar a casa, o governo precisa aprovar as medidas no Congresso e dar mais sinais de esforço fiscal no decorrer do ano, algo mais duro, para conter a desconfiança dos mercados e do setor produtivo. Sem confiança não tem investimento, isso não interessa econômica e politicamente a nenhum governo".

Casagrande finaliza a análise política e econômica da seguinte forma: "se quiser chegar eleitoralmente forte em 2026, Lula terá de debelar essa crise que se instalou. Mesmo com os atuais números virtuosos, o cenário passou a não ser bom".

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