Na coluna de quarta-feira (24), dissemos, aqui neste espaço, que a solução para os gargalos logísticos (destacadamente nos terminais portuários) do Espírito Santo passavam fundamentalmente pelas ferrovias. Ter bons acessos tem correlação direta com o tamanho dos investimentos que são e serão feitos em complexos portuários. Hoje, a única operacional no Estado é a Vitória-Minas, administrada pela Vale. Passam por ela uma série de mercadorias, mas o objetivo fundamental é movimentar minério de ferro. Ampliar a irrigação ferroviária do Estado - muito bem localizado do ponto de vista brasileiro e mundial (no meio do Atlântico Sul) - é fundamental para os capixabas, claro, mas também para o Brasil.
Uma das propostas, como dito na coluna de quarta, é melhorar a eficiência do Corredor Centro-Leste, dando uma solução para a Serra do Tigre (em Minas Gerais), o que conectaria de maneira produtiva a malha ferroviária capixaba ao Brasil Central, berço do agronegócio. Saindo do papel, seria muito bom para o Espírito Santo, mas a dependência da Vitória-Minas seguiria sendo a mesma. É importante, portanto, que a coisa vá além, e tem projetos em andamento para isso.
A própria Vale já se comprometeu a fazer uma ferrovia entre Santa Leopoldina e Anchieta (Porto de Ubu, da Samarco). Há ainda um debate acontecendo em Brasília sobre o tema, o que tem atrapalhado o andamento do projeto, mas o plano é tratado como sólido. Em princípio, será um ramal da Vitória-Minas, mas, no médio prazo, a ideia do governo federal é que este seja o primeiro passo da estrada de ferro que ligará o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. O ministro dos Transportes, Renan Filho, já disse, em visita ao Estado, que o governo federal está trabalhando para colocar a modelagem de pé.
Um outro projeto importante em andamento é a EF-352, que, virando realidade, se chamará Ferrovia Ministro Alysson Paolinelli (ministro durante o governo de Ernesto Geisel, considerado um dos grandes responsáveis pela modernização do agronegócio brasileiro). Tocado pela Macro Investimentos, o trajeto começa em Presidente Kennedy, percorre Minas Gerais e vai até Anápolis (GO), conectando-se à Ferrovia Norte-Sul. O objetivo é integrar a região Centro-Oeste ao Porto Central, projetado para ser construído na cidade do litoral Sul do Estado. O plano está caminhando dentro da burocracia estatal e as conversas com investidores estão acontecendo.
As novas estruturas tirariam o Espírito Santo da incômoda posição de ser dependente de apenas uma ferrovia. Importante lembrar que dois portos (um operando e outro ainda no papel) de grande porte podem ser os grandes beneficiários das duas novas ferrovias: Açu, em São João da Barra (Norte do Rio), e Central (que ainda é projeto), em Presidente Kennedy. Projetos que, se desenvolvendo na plenitude, colocam o Brasil e, claro, o Espírito Santo, em um novo patamar de infraestrutura logística.
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