A variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais, trecho ferroviário de 355 quilômetros entre Patrocínio e a Grande Belo Horizonte, está entre as prioridades da agenda de infraestrutura que governo estadual e entidades empresariais capixabas tocam em Brasília. A ideia é criar uma alternativa ao trecho da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) que passa pela serra, com uma eficiência muito baixa (velocidade média de 12km/h por causa do relevo acidentado), e atrair mais cargas do Brasil Central (agronegócio principalmente) para os portos do Espírito Santo.
Se proposta defendida pelo Estado sair do papel, ficará assim: a FCA pega cargas em Minas Gerais e Goiás, contorna a Serra do Tigre pela variante (que pode ser operada por outra empresa), conecta com a Ferrovia Vitória-Minas (da Vale) na Grande BH e, por ela, chega aos terminais capixabas.
A questão começa a complicar a viabilidade econômica. As estimativas de investimento para colocar o novo trecho em operação variam entre R$ 5,5 bilhões e R$ 13 bilhões. Especialistas do setor afirmam que se o governo federal não subsidiar de alguma forma o investimento, abatendo outorga ou colocando recursos diretamente, dificilmente as contas ficarão de pé, consequentemente, nenhuma empresa privada topará a empreitada. Portanto, é para lá de relevante a articulação que está em curso em Brasília: primeiro para colocar o tema na agenda de Brasília (Ministério dos Transportes e Agência Nacional dos Transportes Terrestres) e depois para discutir formas de financiamento.
Importante lembrar que Vale e Ministério dos Transportes estão para fechar uma renegociação sobre as renovações antecipadas das ferrovias Vitória-Minas e Carajás, algo perto de R$ 20 bilhões virão como excedente de outorga. É por aí que o governo do Espírito Santo está trabalhando
Fábio Marchiori, CEO interino da da VLI Logística, concessionária responsável pela FCA até 2026 e que negocia com o governo federal a renovação por mais 30 anos, esteve em Vitória nesta quinta-feira (29) para uma rodada de conversas com empresários e políticos e também esteve no Tecnoagro, evento da Rede Gazeta, em um painel sobre infraestrutura. "Somos a favor do debate e da busca por soluções. O nosso desejo é atrair mais cargas para o Espírito Santo. Se o contorno (da Serra do Tigre) sair, mesmo não sendo de nossa operação, terá o apoio da VLI".
Alguns números: pela variante as composições andariam a 40 km/h (mais que o triplo da velocidade atual) e o custo logístico da produção de Minas Gerais e Goiás encolheria R$ 9 a cada tonelada transportada. Só em 2023 o agronegócio brasileiro exportou US$ 166,5 bilhões, quase R$ 1 trilhão.
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