A cadeia leiteira do Espírito Santo tem, hoje, um déficit diário de algo próximo a 1 milhão de litros. A capacidade instalada dos laticínios capixabas está em 1,8 milhão de litros/dia, enquanto isso, a produção não chega aos 900 mil litros por dia. Como nem tudo que é produzido vai para a indústria, o déficit fica em 1 milhão de litros diários. Diante disso, várias iniciativas, públicas e privadas, estão sendo tomadas para que a produtividade e, consequentemente, a produção capixaba de leite, estagnada há uma década, volte a crescer.
No início de maio a Nater Coop, antiga Coopeavi, iniciou sua primeira colheita de milho, em uma área de 90 hectares, em Pinheiros, Norte do Estado. O objetivo é que a safra de 5 mil toneladas seja distribuída para 600 produtores de leite do Norte capixaba durante o período de seca, entre maio e setembro, quando a produção chega a cair 50%. Todos eles fornecem para a Veneza, laticínio da Nater Coop.
"Nossa produção de leite é majoritariamente em pasto aberto, quando a chuva diminui, o alimento do gado também fica mais escasso. A consequência disso é uma queda forte na produção, de mais de 50%. Nosso objetivo com a produção de milho é complementar a alimentação do gado nesse período de baixa e manter a produtividade, não ter queda na seca. É o primeiro ano, mas acreditamos que essa iniciativa será capaz de ampliar a média diária de produção do Estado em 20 mil litros", explicou Marcelino Bellardt, diretor-geral da Nater Coop.
O objetivo da cooperativa é dobrar a produção de milho no ano que vem. "A seca impacta demais a atividade dos laticínios. Além da subida nos preços, a ociosidade aumenta muito. Perde nas duas pontas. Reduzindo o impacto da seca, nossa expectativa é que as receitas da Veneza cresçam entre 10% e 15%, ou seja, podemos chegar a mais R$ 50 milhões de faturamento".
A segunda frente que está sendo tocada pela Nater é a implantação de um grade condomínio leiteiro, com gado confinado, em Nova Venécia, Noroeste do Estado. Neste caso, a operação seria da própria cooperativa. O empreendimento terá quatro módulos, sendo que o primeiro deve começar a funcionar no segundo semestre do ano que vem. O investimento em cada fase ficará na casa dos R$ 15 milhões, ou seja, o aporte total baterá nos R$ 60 milhões.
"O objetivo aqui é dobrar a produção por animal, chegar aos 30 litros ou 40 litros por dia. O processo terá nível alto de automação, pouca perda e os animais, todos diferenciados, terão altíssima produtividade. Cada módulo terá 300 animais e a ideia é que produzam 10,5 mil litros de leite por dia. Quando o projeto estiver consolidado, serão mais de 40 mil litros no mercado por dia", prevê Bellardt. No momento, a cooperativa está em busca de crédito e investidores para o empreendimento.
"Acreditamos que essas duas frentes, silagem de milho e condomínio leiteiro, têm a capacidade de, em quatro anos, ampliar a produção de leite no Estado em 100 mil litros por dia", afirmou o executivo.
Há outras movimentações no mercado em busca de leite. No dia 2 de maio, a Selita assumiu a operação da unidade de captação e resfriamento de leite em Barra de São Francisco, Noroeste do Estado, que pertencia ao Laticínio DelBom. O objetivo é ampliar a captação em até 30 mil litros/dia. A capacidade máxima da unidade é de 90 mil litros, portanto, há muito para crescer.
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