Em um cenário em que o Brasil precisa debater (de novo) os rumos de suas contas públicas, é importante voltar os olhos para onde o ajuste caminhou. O Espírito Santo é um desses lugares. O Estado já esteve quebrado. Em 2002, devia três meses de salário ao funcionalismo. De 2003 para cá, nos governos de Paulo Hartung e Renato Casagrande, o jogo virou e, hoje, o Espírito Santo possui das melhores situações fiscais do Brasil.
"É muito importante, neste momento, que o governo, que o presidente Lula principalmente, dê sinais de que quer controlar as despesas. Não pode ficar apenas na eficiência arrecadatória, tem de olhar para as despesas. Só o fato de o debate ter sido colocado e a discussão estar sendo feita dentro do governo já é muito relevante. Na política, os sinais são muito importantes. Os agentes econômicos estão sempre atentos a eles", analisa o governador Renato Casagrande.
Entretanto, ele não enxerga uma saída fácil para a situação. "Não vejo ambiente político para, por exemplo, mudanças nos pisos constitucionais de educação e saúde. Também acho difícil mexer nas regras de correção dos benefícios que são vinculados ao salário mínimo, mas é importante discutir todas as alternativas. O Lula precisa dar os sinais para a sociedade de que quer conter as despesas. Não há dúvidas que é preciso haver um esforço".
O governador chamou atenção para a necessidade de o presidente assumir o comando do debate. "Conter ou cortar despesas nunca é simples, precisa de coragem e força política. O governo não pode deixar parecer que não tem rumo. Claro que existe o debate interno, é natural, mas não pode haver racha, por isso, o Lula precisa assumir a agenda".
Casagrande não poupou o Congresso Nacional de críticas. "Estamos observando um movimento forte para a discussão de pautas identitárias e ideológicas, que geram muita confusão e atrapalham demais o andamento de temas importantes e estratégicos para o Brasil. Estamos em um ano de eleição e o recesso vai se dar em mais um mês e a regulamentação da reforma tributária está lá na Câmara. É um exemplo de debate estratégico que precisa andar".
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