Maely Coelho, um dos empresários mais conhecidos do Estado, proprietário, entre outras coisas, do plano de saúde MedSênior, está de empresa nova: a Air Power Energia. Ele comprou a ideia, colocou dinheiro e se associou ao engenheiro James Pessoa, que, entre outros cargos, chegou à presidência da Vale Soluções em Energia, subsidiária da mineradora, que encerrou suas atividades em meados da década passada. Por conta da idade dos sócios - Maely tem 72 e James, 66 - eles afirmam, em tom de galhofa, que é a "startup dos coroas".
A fala é na brincadeira, mas o fundo é de verdade. O projeto é inovador e tem potencial para escalar, tudo o que uma startup de sucesso precisa. De maneira simplificada o plano é o seguinte: a empresa está desenvolvendo uma tecnologia própria de turbinas a jato para geração de energia. Nestas turbinas, um jato de ar recebe uma injeção de energia térmica, e em seguida o ar é acelerado até cerca de 1.100 km/h, acionando uma turbina ligada a um gerador elétrico.
“A energia elétrica gerada a partir da injeção térmica alimenta ventiladores que criam o jato de ar e ainda gera um saldo positivo de energia. Desta forma, estaremos convertendo calor em energia elétrica líquida”, explica Pessoa, idealizador e CEO da empresa.
Serão construídas, a princípio, turbinas de 250 KW, 500 KW e 1 MW. "São próprias para geração distribuída, perto de fontes de matérias-primas, como biomassa e biogás, ou de fontes de calor perdido. São unidades pequenas e modulares, que só precisam de calor, de qualquer fonte, para produzir energia. Podem ficar em um trem, por exemplo, recebendo calor de uma locomotiva e gerando energia elétrica limpa móvel, com redução de consumo de diesel e de emissões de CO2".
A energia é limpa porque o calor que hoje é desperdiçado poderá ser aproveitado. "Por exemplo, uma termelétrica com capacidade de geração de 200 MW de energia joga fora mais de 300 MW de calor para a atmosfera. Se nosso equipamento estiver instalado nessa térmica, podemos transformar esses 300 MW desperdiçados em cerca de 60 MW de energia elétrica limpa adicional. Isso pode ser feito em fontes que dispensam calor de forma constante, 24h por dia", assinala James Pessoa.
Estudo feitos pelo governo do Estado mostram que só de biomassa e biogás (fontes renováveis de energia que utilizam vegetais, resíduos de animais e lixo orgânico) a capacidade potencial do Espírito Santo é de mais de 500 MW. Ou seja, há capacidade não aproveitada para gerar 100 MW de energia limpa.
A previsão dos novos sócios é colocar a primeira turbina de 500 KW para funcionar no final do ano que vem. Tudo está sendo patenteado e estudado em centros de excelência (principalmente no Senai Cimatec, da Bahia). As turbinas poderão até ser vendidas, mas o objetivo é transformar a Air Power numa empresa de geração de energia. "Estamos trabalhando para entrar no mercado livre de geração distribuída", diz Pessoa.
Maely aposta alto no novo negócio. "O mundo precisa de energia e energia limpa é o futuro. Isso aqui tem tudo para virar o meu maior negócio". De negócio Maely Coelho entende.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.