
Empresários, executivos e representantes do governo do Espírito Santo - entre eles o vice-governador, Ricardo Ferraço, e o secretário da Agricultura, Enio Bergoli - estiveram no Vietnã, maior produtor de café conilon do mundo, e voltaram de lá com algumas lições. A maior delas é destravar a infraestrutura logística para escoar a produção. "O que eles estão fazendo lá, em termos de ferrovia e portos, é algo extraordinário. São bilhões de dólares em infraestrutura, que vão dar muito mais competitividade à economia deles e, claro, à cadeia do café. O Vietnã é o maior produtor de conilon do mundo e o Brasil é o segundo, sendo que 70% da produção brasileira fica no Espírito Santo. Portanto, o nosso principal competidor está investindo forte, não podemos ficar para trás, temos que destravar os nossos projetos. Neste caso, os aportes no Espírito Santo, pelo tamanho da produção local, mudam a realidade do negócio em todo o Brasil", argumenta Ferraço.
Importante lembrarmos que, em 2024, ano em que as exportações de conilon bateram recorde histórico, os capixabas enfrentaram filas nos portos, destacadamente o de Vitória, para conseguirem embarcar a sua produção. Os galpões de armazenagem ficaram cheios de produtos já comercializados e muitas toneladas precisaram ir de carreta para os portos de Rio de Janeiro e Santos para conseguirem sair do Brasil. Enfim, perda de competitividade na veia.
Por outro lado, da porteira para dentro os brasileiros estão à frente dos vietnamitas. "Estamos alguns bons anos à frente no que diz respeito à tecnologia utilizada nas lavouras. Falo em utilização e geração de conhecimento e tecnologia para melhorar a quantidade e a qualidade da produção. Temos uma cadeia organizada de pesquisa e desenvolvimento, isso é extremamente relevante para chegar onde chegamos e para nos levar ainda mais para frente. Se juntarmos Incaper, Ufes e Ifes, a geração de conhecimento para a produção de conilon é algo fantástico. Além disso, os nossos produtores têm uma ótima capacidade de absorver a inovação e levar isso para a ponta. Além disso, praticamente não há mecanização e os métodos de irrigação, no Vietnã, são precários, bem diferente da nossa realidade. A competitividade e produtividade das nossas lavouras é muito superior", sublinhou Enio Bergoli.
Diante de uma infraestrutura que avança a passos de tartaruga, é para lá de estratégico manter uma distância segura nos métodos produtivos.
Em 2024, as vendas de café para fora do Brasil, a partir do Espírito Santo, chegaram a US$ 2 bilhões, expansão de 119% em relação ao ano de 2023, que já havia sido muito bom. O volume comercializado subiu, mas o que puxou mesmo foi a alta violenta do valor do produto, que está em falta no mercado mundial por causa de quebras de safra na Ásia. Em março de 2024 a saca de 60 quilos do conilon custava pouco mais de R$ 800. Agora, está em pouco mais de R$ 1,9 mil. Grande parte do café produzido no Estado é conilon. Todo este contexto fez com que a exportação de café, em valor, se aproximasse das vendas de minério de ferro (US$ 3 bilhões) e ultrapassasse a de ferro e de aço (US$ 1,8 bilhão), algo inimaginável há pouquíssimo tempo.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.