Sob forte pressão desde sexta-feira (12), quando Centro do Comércio de Café de Vitória e Centrorochas divulgaram uma carta reclamando dos gargalos do Porto de Vitória, a Vports, concessionária responsável pelo complexo, resolveu falar. O CEO da empresa, Gustavo Serrão, no cargo há dois meses, procurou jogar água na fervura, reforçou o discurso de diálogo entre as instituições e fez um mea-culpa. O executivo, entretanto, rebateu a afirmação de que falta velocidade à Vports.
"O movimento aumentou de maneira muito forte nos primeiros meses do ano e isso em um contexto de falta de contêineres no mundo. Na média do Brasil, o movimento de cargas subiu 6%, aqui no Porto de Vitória, entre janeiro e abril, a expansão foi de 35%. Quando olhamos apenas para contêineres os números são muito mais fortes: ampliação de 24% no Brasil e de 58% no Porto de Vitória. Ninguém esperava por isso. Para dar conta da demanda, tivemos de abrir espaços, melhorar sistemas, melhorar os fluxos... Muita coisa foi feita, e com muita velocidade, para conseguirmos cobrir isso daí. Infraestrutura não se faz de uma hora para outra, dar conta de 58% de expansão não é brincadeira, fizemos a expansão, mas a demanda está acima da nossa capacidade. Toda a área disponível do porto está sendo usada", explicou Serrão.
Sobre a crítica de que sobram espaços para carros e faltam para as demais mercadorias, Serrão afirmou que a Vports está em contato permanente com os operadores. "Uma área de 70 mil m² (da antiga Hiper Export), que fica ao lado do TVV (Terminal de Vila Velha, voltado para contêineres), foi demandada de maneira temporária por um operador de carros. Não recebemos outro pedido. Ficarão lá até o final de julho, não há problema em receber outras cargas ali. Estamos abertos e vamos buscar todas as alternativas possíveis. Agora mesmo estamos estudando o modelo breakbulk (carga solta) para o café. Não precisaria de contêiner e poderia usar outros terminais. Todas as alternativas estão na mesa".
O presidente da Vports reconhece que o movimento de carros importados responde por boa parte dos grandes números, mas garante que não é só isso. "Entre janeiro e junho, o movimento de café pelo porto foi 288% acima do registrado no mesmo período de 2023. O movimento de blocos de rocha dobrou. Não estou feliz com os problemas, mas estou mostrando que a demanda cresceu forte, em um tempo muito curto e que conseguimos dar conta de uma grande parte. Além disso, estou me colocando à disposição para conversar. Só com a contribuição de todos vamos superar isso. Aliás, importante dizer, terminais de todo o Brasil estão enfrentando problemas semelhantes".
Serrão disse acreditar que a demanda vai dar uma desacelerada nos próximos meses, mas que o momento vivenciado servirá de lição. "Todos temos que rever o planejamento, todos fomos pegos de surpresa. O nosso plano diretor é feito com base nas informações que nos são passadas por operadores, armadores e outros atores, por isso digo que ninguém previa. É hora de aprendermos para a reação melhorar e para planejarmos melhor", finalizou.
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