A venda do zagueiro capixaba Natan Souza para o Napoli, da Itália, foi a primeira grande tacada do Porto Vitória Futebol Clube, fundado em 2014, pelo empresário Maely Coelho. Com o foco na formação de jogadores, o clube, somente em 2023, colocou R$ 13,23 milhões nos cofres, o suficiente para bancar todos os investimentos feitos nos últimos nove anos (pouco mais de R$ 9 milhões) e ainda sobrar R$ 4 milhões. O Porto Vitória funciona como uma empresa do Grupo Maely - que tem negócios nas áreas de saúde, mídia e imóveis.
A história desses primeiros oito meses de 2023 ajudam a explicar o modelo de negócio do clube. Em 2016, quando o promissor Natan ainda estava nas categorias de base, o Porto Vitória cedeu 60% dos direitos econômicos do jogador ao Flamengo e ficou com 40%. Não ganhou nada nessa transação. No gigante carioca, o capixaba ganhou visibilidade e passou a atrair atenção. Em 2022, ele foi vendido pelo Flamengo ao Bragantino por R$ 22 milhões. O Porto Vitória, que tinha 40% dos direitos do atleta, vendeu 22% e ficou com os outros 18% (uma parte do dinheiro dessa negociação, R$ 3,6 milhões, entrou em janeiro). Agora, apareceu a proposta do Napoli, 10 milhões de euros (R$ 53,5 milhões na cotação atual). Por causa dos 18% que manteve lá atrás (o Porto Vitória sempre faz isso), vai colocar mais R$ 9,63 milhões no bolso.
"Somos uma instituição que investe muito na base, fazemos um trabalho profissional. Somos um dos 39 clubes do país que possui o certificado de clube formador da CBF. Tem clube da Série A que não tem isso. Ainda não temos torcida, não ganhamos dinheiro com TV, patrocínio e venda de camisas, portanto, o nosso foco é na base, dali vamos tirar o sustento do clube. Temos uma boa infraestrutura e vamos seguir investindo nela. A negociação do Natan mostra que estamos no caminho certo", explica Vinicius Coelho, presidente do Porto Vitória.
Antes do zagueiro, apenas pequenos negócios envolvendo prioridade de compra de jogadores foram fechados, o que revela o risco do negócio. "Futebol é trabalho, profissionalismo e perseverança. Nós colocamos dinheiro no clube o tempo todo nos últimos nove anos, pode parecer ruim, mas sabíamos o que estávamos fazendo. A venda do Natan foi ótima, mas não muda em nada o nosso planejamento. Já temos uma área de 130 mil m² em Jacaraípe e vamos colocar de pé o nosso CT, com cinco campos, hotel e toda a infraestrutura necessária para base e profissional. Um investimento de R$ 25 milhões, o projeto está em fase de licenciamento".
Hoje, o Porto Vitória tem fatias (entre 20% e 40%) de atletas que estão em grandes vitrines do futebol brasileiro como Vasco, Flamengo, Atlético-MG, Athletico-PR, Botafogo, Palmeiras e Santos. Novos Natans podem surgir daí.
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