A venda de café tem puxado, nos últimos tempos, o crescimento global da gigante suíça Nestlé, dona de marcas como Nespresso, Nescafé e Starbucks. Ao mesmo tempo que comemora os bons números, a companhia se vê diante do desafio de reduzir a emissão de gases de efeito estufa ao longo da cadeia. O compromisso é cortar 20% das emissões (base 2018) até 2025 e em 50% até 2030. Não é pouco. Por isso, a empresa está investindo forte no projeto 4C (Código Comum para a Comunidade Cafeeira) no Brasil e, fundamentalmente, no Espírito Santo.
O objetivo principal é introduzir um padrão de produção responsável ao longo de toda a cadeia produtiva, observando as chamadas práticas regenerativas, que visam melhorar a saúde e a fertilidade do solo, bem como proteger os recursos hídricos e a biodiversidade. Até o ano que vem, 20% de todo o café comprado pela Nestlé terá de vir da agricultura regenerativa. No Brasil, serão 30%. Aí é que entra o Espírito Santo, responsável por 70% da produção brasileira de conilon. O Brasil é o segundo maior produtor de conilon, muito usado na indústria do solúvel, do mundo. Hoje, são 1,5 mil produtores identificados como 4C no país, mais de 90% estão no Estado. Até 2026, serão mais de 2 mil com este selo.
"O Brasil é um dos mais importantes fornecedores da Nestlé internamente e para exportação, estamos trabalhando forte e identificando os desafios. Temos que lembrar que o mercado consumidor está mais exigente em vários aspectos, do lado ambiental, da governança e, claro, da qualidade. Em 2025, já começam a funcionar regras mais restritivas na Europa, o Brasil aparece no cenário como uma das origens mais preparadas. É desafiador, mas o trabalho já vem sendo feito, enxergo como oportunidade", assinalou Rodolfo Clímaco, gerente de Agricultura Cafés da Nestlé no Brasil.
O executivo destaca que, além de ser uma exigência do mercado, os métodos mais sustentáveis, depois de implantados, melhoram a renda do produtor. "Mexe no bolso, afinal, o trabalho fica mais eficiente e rentável. É uma via de mão dupla".
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